terça-feira, 8 de novembro de 2011

OCUPAÇÃO USP - ALUNOS PODEM RESPONDER POR FORMAÇÃO DE QUADRILHA


Cidade Universitária. Alunos que ocuparam reitoria da USP poderão responder por formação de quadrilha - 08/11/2011 às 10h42m; O Globo, CBN, Bom Dia S.Paulo


SÃO PAULO - Os estudantes que invadiram o prédio da reitoria da USP poderão ser indiciados por formação de quadrilha, segundo o delegado Dejair Rodrigues, da 3º seccional de Polícia. Nesta terça-feira, 70 alunos - 24 mulheres e 46 homens - foram detidos e levados de ônibus até o 91º Distrito Policial (Ceasa), onde estão sendo qualificados. Pelo menos 400 policiais militares da Tropa de Choque retiraram os estudantes, que ocupavam a reitoria desde quarta-feira passada.

Para serem libertados, os estudantes poderão ter de pagar fiança de até R$ 1.050. Em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, o delegado disse que os estudantes vão responder a dois inquéritos paralelos. Um deles, que trata da invasão da reitoria, indicia os estudantes invasores por desobediência ao mandado judicial de reintegração de posse e dano ao patrimônio público.

No outro inquérito, os alunos irão responder pela depredação das viaturas das polícias civil e militar.

- Mais de três pessoas se juntaram para depredar as viaturas da polícia. Isso é formação de quadrilha - disse o delegado Dejair Rodrigues.

Os 70 estudantes estão nos ônibus estacionados em frente ao 91º DP. Eles estão sendo chamados em grupos de cinco para prestarem depoimento. Muitos pais e advogados começam a chegar na delegacia.

Desocupação

Os policiais militares da Tropa de Choque, com apoio de helicópteros, invadiram a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) por volta de 5h10m desta terça-feira. Segundo a coronel Maria Aparecida Carvalho Yamamoto, responsável pela comunicação da Polícia Militar, não houve resistência no cumprimento da reintegração de posse do prédio. Não há informações de feridos e não houve confronto, já que os estudantes foram surpreendidos enquanto dormiam.

- Eles foram pegos de surpresa pela polícia - disse Maria.

Mesmo depois da retirada dos alunos, a PM continuou no local.

- A ação do Choque é até desocupar, a perícia chegar, ver quais foram os danos e terminar toda a operação. Aí continua o policiamento diário [no campus] - informou a coronel.

Mesas, computadores e fios de telefone foram danificados no primeiro andar da reitoria, que estava ocupado pelos alunos. A polícia diz ter apreendido coquetéis molotov na reitoria, além de morteiros, gasolina e garrafas de bebida alcoólica.

Alguns estudantes da USP estão reunidos na Praça do Relógio e fazem uma assembleia.
A Justiça determinou que os estudantes desocupassem o prédio até 23 horas de segunda-feira, o que não foi cumprido.

Os estudantes ocuparam a reitoria em protesto contra a presença da Polícia Militar no campus da universidade. Inicialmente, eles ocuparam o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH). Uma assembleia decidiu pela desocupação, mas outro grupo resolveu invadir a reitoria, por discordar da decisão.

Na noite desta segunda-feira, cerca de 350 alunos fizeram uma assembleia por volta de 23h e decidiram manter a ocupação da reitoria, desobedecendo a ordem judicial. Logo após a assembleia, eles chegaram a agredir jornalistas que faziam a cobertura no local, arremessando paus e pedras.

Na tarde de ontem, houve tentativa de acordo com a participação de representantes de uma comissão de negociação. Os professores Wanderley Messias, da Faculdade de Geografia, superintendente de relações institucionais da USP, e Alberto Amadio, da Faculdade de Educação Física e membro do gabinete do reitor, mantiveram as propostas anteriores: a universidade se comprometeu a rever processos administrativos contra funcionários e estudantes, caso a caso, mas não abriu mão do convênio para a presença da Polícia Militar no campus. A reitoria se comprometeu a não punir estudantes e funcionários pela participação na invasão do prédio e a formar uma comissão de alunos, funcionários e reitoria para decidir sobre os termos do convênio.

O convênio entre a USP e a PM foi firmado após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, assassinado dentro do campus em 18 de maio deste ano. A oposição à presença dos policiais no campus ocorreu depois que três estudantes foram detidos fumando maconha dentro do campus.

Na semana passada, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, que concedeu a reintegração de posse, havia autorizado, "como medida extrema", o uso de força policial. Ela ressalvou, no entanto, que contava "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".

Ontem, o professor Wandeley Messias da Costa, superintendente de relações institucionais, admitiu que o acordo não estabelece limites para atuação da PM.

- O convênio é um acordo genérico entre as partes. Evidente que esse convênio tem que ter um plano de trabalho anexo, que sequer houve tempo de ser feito, dado os incidentes, os ocorridos. Não tivemos tempo de detalhar. Mas isso vai ser detalhado, e agora com uma novidade: com a participação deles [os alunos] - disse o professor
Costa ressaltou que a reitoria não está disposta, em nenhuma hipótese, a cogitar a possibilidade de revogação do convênio com a PM.

- O que a universidade coloca é que nós podemos e devemos discutir com os alunos e com outros membros da universidade o detalhamento e aperfeiçoamento do convênio - disse.

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