sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O DESFECHO DA INVASÃO DA USP


O ESTADO DE S.PAULO, 15 de novembro de 2013 | 2h 15


OPINIÃO


Se havia ainda alguma dúvida quanto à selvageria dos invasores do prédio da Reitoria da USP, ela foi desfeita pelo estado em que as instalações foram encontradas, após 42 dias de ocupação promovida sob pretexto de postular a adoção de uma gestão tripartite, com mandatos revogáveis por assembleias gerais. Segundo a perícia da Polícia Técnica, portas foram arrombadas, salas e equipamentos foram depredados, paredes foram pichadas com palavrões e palavras de ordem contra o reitor, gavetas e armários foram revirados e documentos foram jogados no chão.

Além disso, constatou-se o desaparecimento de computadores, notebooks, celulares e de materiais do acervo histórico da instituição. Nas salas depredadas funcionam a USP Inovação (que desenvolve projetos para pequenas empresas), o escritório de relações internacionais da Universidade, a Secretaria-Geral, a Superintendência de Relações Institucionais, a Superintendência de Segurança e a Vice-Reitoria. Em nota, os dirigentes da USP classificaram a ocupação como "a mais destrutiva dos últimos anos" e prometeram processar os invasores por danos e furto de patrimônio público e responsabilizar o Diretório Central dos Estudantes (DCE) pelos prejuízos causados durante a ocupação. Na operação de reintegração de posse, que foi determinada pelo Tribunal de Justiça, dois alunos foram presos e serão indiciados por crime de formação de quadrilha.

A reação dos estudantes, que receberam a Tropa de Choque com rojões, foi a esperada. Eles alegaram que as prisões foram arbitrárias. Acusaram o reitor de "criminalizar" o movimento estudantil. Afirmaram que a perícia da Polícia Científica foi feita sem a participação de alunos. E lançaram nota de protesto contra o Tribunal de Justiça, que rejeitou o recurso impetrado pelo Diretório Central dos Estudantes contra a reintegração de posse do prédio da Reitoria. "É inadmissível que em meio a um processo de questionamento a Universidade opte por utilizar uma força totalmente desproporcional", disse Arielli Tavares, aluna do curso de Letras e integrante da diretoria do DCE, esquecendo-se de que "questionamento" com invasões e depredações é, mais do que vandalismo e baderna, crime tipificado pelo Código Penal.

Independentemente dos desdobramentos administrativos e jurídicos de mais uma invasão da Reitoria, é preciso dar um basta ao recurso sistemático à violência e ao "invasionismo" por minorias de extrema esquerda que dominam as corporações de estudantes, funcionários e docentes. É inaceitável que, em nome de uma mal definida democracia direta e participacionista, essas minorias tentem, periodicamente, paralisar as atividades de ensino e pesquisa da mais importante universidade brasileira.

Como são incapazes de mobilizar suas respectivas categorias, por total falta de representatividade, essas minorias - engrosssadas por militantes de fora da USP, filiados a pequenos partidos radicais - promovem atos ilegais e praticam vandalismo para chamar a atenção da mídia e passar a falsa impressão de que há uma revolução em curso na Universidade. Igualmente, criam situações de fato com o objetivo de obrigar o reitor a chamar a polícia, apresentando-se como vítimas para comover a opinião pública - e até magistrados ingênuos, que acreditam na viabilidade de "negociações" entre dirigentes universitários que não podem tolerar o descumprimento da lei, sob pena de incorrerem em crime de responsabilidade, e grupelhos que não escondem o desprezo pelo império da lei.

Este é o ponto central da questão: por princípio, a Universidade é uma instituição regida pela competência, pelo conhecimento e por padrões de excelência. O populismo, o assembleísmo e o aventureirismo ideológico, com eleições diretas e paritárias para todos os cargos - de responsável pelo serviço de copa ao reitor, passando por chefias de departamento e direção de faculdades -, são incompatíveis com o ethos das instituições de ensino superior.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A CONVERSA É COM O JUIZ LAROCA, NÃO COM BANDIDOS E LADRÕES

REVISTA VEJA
BLOG DO REINALDO AZEVEDO
12/11/2013 às 15:56


Eis a Reitoria da USP depois da invasão. A conversa é com o juiz Laroca, não com bandidos e ladrões


A minha conversa não é com delinquentes que invadem a USP. Não falo com bandidos.

A minha conversa não é com os delirantes de extrema esquerda, uma minoria que se alimenta da própria estupidez. Não falo com dinossauros.

A minha conversa não é com os que roubaram equipamentos públicos. Não falo com ladrões.

A minha conversa é com um juiz chamado Adriano Marcos Laroca. Ele se diz um “juiz para a democracia”. Ele pertence a uma associação chamada “Juízes para a Democracia”.

É ao juiz Laroca que eu apresento esta foto (todas as imagens são de autoria de Nelson Antoine, da Fotoarena).



É ao juiz Laroca que eu mostro esta outra foto.



É ao juiz Laroca que eu exponho esta terceira foto.



É ao juiz Laroca que eu exibo mais uma foto.



É ao juiz Laroca que eu revelo uma quinta foto.



Essa é a reitoria depois que os invasores do PSOL, do PSTU e de outros grupelhos de extrema esquerda a ocuparam. Já invadi a reitoria. O Demétrio Magnoli também — não custa lembrar, já que estamos na moda. Nunca largamos uma guimba no chão. Refiro-me ao conjunto dos militantes de então. Se o professor deixasse o comando de greve entrar na sala, bem, entrava-se e se dava o recado; se não, então era não. Havia um professor de alemão que não permitia nunca. A gente pedia sempre. Ele sempre dizia não. A gente não engrossava nunca: “Obrigado, professor!”. E ia embora. O Brasil era uma ditadura. Achávamos que era preciso acabar com a ditadura. Mas não com a hierarquia do saber. E para contestar o saber? Há os espaços que reservados pelo próprio… saber.

É com o juiz Laroca “para a democracia” que se tem de conversar. Ao negar uma liminar de reintegração de posse, ele escreveu:
“A ocupação de bem público (no caso de uso especial, poderia ser de uso comum, por exemplo, uma praça ou rua), como forma de luta democrática, para deixar de ter legitimidade, precisa causar mais ônus do que benefícios à universidade e, em última instancia, à sociedade. Outrossim, frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal.”

Ao escrever “nenhuma luta que não cause”, maltratou a Inculta & Bela. Mas quem apanhou mesmo foram as ideias.

Dado o resultado, ele poderia dizer — será? — que o “ônus é maior do que os benefícios” e que isso é muito feio. A ressalva, em sua decisão, parece-me, é apenas prudencial. O certo é que o meritíssimo endossou um método de luta que afronta não uma ordem ditatorial, mas uma ordem democrática.

Quem vai pagar por isso, juiz Laroca?

Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 12 de novembro de 2013

DANOS, FURTO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA NA OCUPAÇÃO DA USP


Dois alunos são presos durante reintegração de posse na USP. Segundo delegado, eles devem ser indiciados por danos, furto e formação de quadrilha; diretora do DCE nega furto


Victor Vieira - O Estado de S. Paulo. 
12 de novembro de 2013 | 10h 08

Werther Santana/Estadão
Pichação e sujeira no interior da reitoria

SÃO PAULO - Dois estudantes foram presos no começo da manhã desta terça-feira, 12,após a reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) feita pela Tropa de Choque da Polícia Militar. De acordo com a Polícia Civil, os manifestantes foram detidos durante tentativa de fuga do prédio e devem ser indiciados por danos e furto ao patrimônio público, além de formação de quadrilha.

Os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição João Vítor Gonzaga Campos, de 27 anos, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, de 23 anos, foram levados ao 93º Distrito Policial (Jaguaré) e podem ser transferidos ainda nesta terça para a delegacia de trânsito. A Polícia Militar não tem registro de detidos durante a reintegração de posse.

"A manutenção dos dois na prisão depende do Judiciário, mas nosso entendimento é de que houve graves prejuízos ao patrimônio público", afirma o delegado titular do 93º DP, Celso Lahoz Garcia. Segundo ele, outros estudantes podem ser detidos por envolvimento nos supostos furtos e depredações. Um inquérito foi instaurado em 1º de outubro, início da ocupação da reitoria da USP, para apurar eventuais ilegalidades nas manifestações. Pelas redes sociais, alunos combinam ir ao 93º DP para pressionar a polícia pela liberação dos dois detidos.

Além da perícia policial, funcionários da reitoria vistoriaram o prédio na manhã desta terça. Entre os objetos desaparecidos, de acordo com a polícia, estão computadores, celulares e troféus históricos da instituição. Segundo a assessoria de imprensa da USP, há paredes pichadas, mesas reviradas e portas arrombadas dentro do imóvel. Os maiores danos estão no andar térreo do imóvel, onde os manifestantes se concentravam.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o levantamento dos policiais indica que 30 alunos se revezavam no prédio nos últimos dias. Já o Diretório Central dos Estudantes afirma que centenas de manifestantes dormiram dentro da reitoria no último dia de ocupação.

Saída dos alunos. Os universitários que ocupavam a reitoria não ofereceram resistência durante a ação do 2º e 3º Batalhões de Choque da PM. A estudante de Letras e diretora do DCE, Arielli Tavares, de 23 anos, afirma que todos já haviam saído do prédio quando a Tropa de Choque da PM chegou ao local. O grupo de manifestantes foi avisado por colegas, que faziam vigília em vários pontos do câmpus Butantã para alertar sobre a entrada dos policiais na Cidade Universitária.

Arielli também contesta a acusação sobre furtos. "A orientação do movimento, desde o início, era de zelo ao patrimônio público", garante. "Além disso, a vistoria deveria ser feita com a participação de alunos", afirma. De acordo com ela, o pedido da reintegração de posse na Justiça e ação dos policiais mostram que a administração da USP tem pouco abertura para o diálogo. "A reitoria não marcou outro encontro de negociação desde a semana passada", diz. O recurso do DCE contra a decisão que autoriza a reintegração de posse foi negado pela Justiça.

Protesto nas ruas. Na tarde desta terça-feira os alunos da USP planejam novo ato, com concentração na Praça do Ciclista a partir das 16h. O grupo reivindica eleições diretas na universidade, pauta que motivou a ocupação da reitoria, e protesta contra a truculência policial no câmpus.

A Assessoria de Imprensa da USP informou que não serão feitos novos encontros de negociação entre alunos e reitoria e que o DCE deve ser responsabilizado, em processo administrativo, pelos prejuízos à universidade.




Tropa de Choque cumpre ordem de reintegração de posse da reitoria da USP. Há poucos alunos no local e não houve conflito, segundo a polícia, que iniciou operação no fim da madrugada

12 de novembro de 2013 | 6h 30

O Estado de S. Paulo




Werther Santana/Estadão
Polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio

SÃO PAULO - A Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu na manhã desta terça-feira, 12, a ordem de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada desde 1º de outubro. Segundo a corporação, há poucos alunos no local e não houve confronto. A operação teve início às 5h30.

Após a desocupação, a polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio.

A Justiça determinou a reintegração de posse na segunda-feira, 4. O desembargador Xavier de Aquino, da 2ª Câmara de Direito Público de São Paulo, disse que a ocupação da reitoria atrapalhava "o bom andamento da universidade". Em assembleia na quarta-feira, 6, os alunos decidiram permanecer no prédio.

A reitoria foi invadida depois de o Conselho Universitário da USP ter rejeitado as eleições diretas para reitor e vice-reitor. A eleição direta é a principal demanda dos estudantes.