sábado, 14 de dezembro de 2013

UNISINOS REPUDIA VIOLÊNCIA

ZERO HORA 14 de dezembro de 2013 | N° 17644

NOTA OFICIAL

Unisinos repudia episódio de violência



A Unisinos se pronunciou ontem pela primeira vez sobre as ações do movimento estudantil que protesta contra o aumento das mensalidades desde o dia 28 de novembro. Em nota oficial, a universidade disse que “repudia profundamente o episódio de violência ocorrido na noite de 12 de dezembro, em avenida pública”.

Além disso, reforça que a instituição se disse disposta a dialogar a ocupação da reitoria. E que “respondeu à carta aberta dos manifestantes não apenas posicionando-se em relação às suas reivindicações, mas também esclarecendo as razões que embasam as decisões da instituição.” A Unisinos também declarou que “integrantes do DCE jamais procuraram a Universidade com o intuito de apresentar suas reivindicações e rejeitaram convites para participar de reuniões, bem como se abstiveram de integrar a Comissão de Avaliação Institucional.”

A estudante Sabrina Stieler, do DCE da Unisinos, contraria a nota:

– Isso é uma falácia. É exatamente por isso que estamos ocupando a reitoria. Em todos os momentos, usamos os espaços disponíveis, inclusive com ofícios e burocracias, e sempre que colocamos uma proposta, o que ouvimos é uma resposta rasa.

Na noite de quinta-feira, estudantes que protestaram contra reajuste de 7,95% nas mensalidades dos cursos de graduação, em frente à universidade, reclamaram da truculência da Brigada Militar. Policiais, por outro lado, disseram que apenas tentaram “manter a ordem”.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

CONFRONTO ENTRE UNIVERSITÁRIOS E BM DEIXA 4 FERIDOS

CORREIO DO POVO 13/12/2013 08:14

Confronto entre estudantes da Unisinos e BM deixa quatro feridos. Dois universitários e dois policiais foram encaminhados para hospital em São Leopoldo


Um protesto de estudantes da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) na noite dessa quinta-feira terminou em confronto com a Brigada Militar (BM). Dois soldados e dois universitários ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital Centenário em São Leopoldo, no Vale do Sinos.

De acordo com o 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM), um grupo de universitários protestava em frente à instituição contra o reajuste no valor das mensalidades, quando, por volta das 20h30min, alguns estudantes começaram a arremessar rojões e pedras contra policiais do Pelotão de Operações Especiais (POE) que acompanhavam a manifestação.

Uma guarnição do 25º BPM foi chamada em apoio ao POE. Três estudantes foram detidos, um deles é suspeito de atirar uma pedra contra a viatura e outro, de atingir um policial com um mastro de bandeira.

Ocupação da reitoria

Cerca de 20 estudantes ocuparam a reitoria da Unisinos na tarde de 28 de novembro. O grupo, orientado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), é contra o aumento das mensalidades para o ano que vem. A proposta de elevação do valor seria de 7,95%.

O Conselho Universitário (Consun) se reuniu às 14h30min para votar o planejamento da Unisinos em 2014, que inclui o reajuste das mensalidades. Conforme o DCE, apenas dois representantes do corpo discente foram liberados para participar da reunião. O número restrito fez com que os estudantes se dirigissem ao saguão da reitoria.

Com informações do repórter Jerônimo Pires

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O DESFECHO DA INVASÃO DA USP


O ESTADO DE S.PAULO, 15 de novembro de 2013 | 2h 15


OPINIÃO


Se havia ainda alguma dúvida quanto à selvageria dos invasores do prédio da Reitoria da USP, ela foi desfeita pelo estado em que as instalações foram encontradas, após 42 dias de ocupação promovida sob pretexto de postular a adoção de uma gestão tripartite, com mandatos revogáveis por assembleias gerais. Segundo a perícia da Polícia Técnica, portas foram arrombadas, salas e equipamentos foram depredados, paredes foram pichadas com palavrões e palavras de ordem contra o reitor, gavetas e armários foram revirados e documentos foram jogados no chão.

Além disso, constatou-se o desaparecimento de computadores, notebooks, celulares e de materiais do acervo histórico da instituição. Nas salas depredadas funcionam a USP Inovação (que desenvolve projetos para pequenas empresas), o escritório de relações internacionais da Universidade, a Secretaria-Geral, a Superintendência de Relações Institucionais, a Superintendência de Segurança e a Vice-Reitoria. Em nota, os dirigentes da USP classificaram a ocupação como "a mais destrutiva dos últimos anos" e prometeram processar os invasores por danos e furto de patrimônio público e responsabilizar o Diretório Central dos Estudantes (DCE) pelos prejuízos causados durante a ocupação. Na operação de reintegração de posse, que foi determinada pelo Tribunal de Justiça, dois alunos foram presos e serão indiciados por crime de formação de quadrilha.

A reação dos estudantes, que receberam a Tropa de Choque com rojões, foi a esperada. Eles alegaram que as prisões foram arbitrárias. Acusaram o reitor de "criminalizar" o movimento estudantil. Afirmaram que a perícia da Polícia Científica foi feita sem a participação de alunos. E lançaram nota de protesto contra o Tribunal de Justiça, que rejeitou o recurso impetrado pelo Diretório Central dos Estudantes contra a reintegração de posse do prédio da Reitoria. "É inadmissível que em meio a um processo de questionamento a Universidade opte por utilizar uma força totalmente desproporcional", disse Arielli Tavares, aluna do curso de Letras e integrante da diretoria do DCE, esquecendo-se de que "questionamento" com invasões e depredações é, mais do que vandalismo e baderna, crime tipificado pelo Código Penal.

Independentemente dos desdobramentos administrativos e jurídicos de mais uma invasão da Reitoria, é preciso dar um basta ao recurso sistemático à violência e ao "invasionismo" por minorias de extrema esquerda que dominam as corporações de estudantes, funcionários e docentes. É inaceitável que, em nome de uma mal definida democracia direta e participacionista, essas minorias tentem, periodicamente, paralisar as atividades de ensino e pesquisa da mais importante universidade brasileira.

Como são incapazes de mobilizar suas respectivas categorias, por total falta de representatividade, essas minorias - engrosssadas por militantes de fora da USP, filiados a pequenos partidos radicais - promovem atos ilegais e praticam vandalismo para chamar a atenção da mídia e passar a falsa impressão de que há uma revolução em curso na Universidade. Igualmente, criam situações de fato com o objetivo de obrigar o reitor a chamar a polícia, apresentando-se como vítimas para comover a opinião pública - e até magistrados ingênuos, que acreditam na viabilidade de "negociações" entre dirigentes universitários que não podem tolerar o descumprimento da lei, sob pena de incorrerem em crime de responsabilidade, e grupelhos que não escondem o desprezo pelo império da lei.

Este é o ponto central da questão: por princípio, a Universidade é uma instituição regida pela competência, pelo conhecimento e por padrões de excelência. O populismo, o assembleísmo e o aventureirismo ideológico, com eleições diretas e paritárias para todos os cargos - de responsável pelo serviço de copa ao reitor, passando por chefias de departamento e direção de faculdades -, são incompatíveis com o ethos das instituições de ensino superior.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A CONVERSA É COM O JUIZ LAROCA, NÃO COM BANDIDOS E LADRÕES

REVISTA VEJA
BLOG DO REINALDO AZEVEDO
12/11/2013 às 15:56


Eis a Reitoria da USP depois da invasão. A conversa é com o juiz Laroca, não com bandidos e ladrões


A minha conversa não é com delinquentes que invadem a USP. Não falo com bandidos.

A minha conversa não é com os delirantes de extrema esquerda, uma minoria que se alimenta da própria estupidez. Não falo com dinossauros.

A minha conversa não é com os que roubaram equipamentos públicos. Não falo com ladrões.

A minha conversa é com um juiz chamado Adriano Marcos Laroca. Ele se diz um “juiz para a democracia”. Ele pertence a uma associação chamada “Juízes para a Democracia”.

É ao juiz Laroca que eu apresento esta foto (todas as imagens são de autoria de Nelson Antoine, da Fotoarena).



É ao juiz Laroca que eu mostro esta outra foto.



É ao juiz Laroca que eu exponho esta terceira foto.



É ao juiz Laroca que eu exibo mais uma foto.



É ao juiz Laroca que eu revelo uma quinta foto.



Essa é a reitoria depois que os invasores do PSOL, do PSTU e de outros grupelhos de extrema esquerda a ocuparam. Já invadi a reitoria. O Demétrio Magnoli também — não custa lembrar, já que estamos na moda. Nunca largamos uma guimba no chão. Refiro-me ao conjunto dos militantes de então. Se o professor deixasse o comando de greve entrar na sala, bem, entrava-se e se dava o recado; se não, então era não. Havia um professor de alemão que não permitia nunca. A gente pedia sempre. Ele sempre dizia não. A gente não engrossava nunca: “Obrigado, professor!”. E ia embora. O Brasil era uma ditadura. Achávamos que era preciso acabar com a ditadura. Mas não com a hierarquia do saber. E para contestar o saber? Há os espaços que reservados pelo próprio… saber.

É com o juiz Laroca “para a democracia” que se tem de conversar. Ao negar uma liminar de reintegração de posse, ele escreveu:
“A ocupação de bem público (no caso de uso especial, poderia ser de uso comum, por exemplo, uma praça ou rua), como forma de luta democrática, para deixar de ter legitimidade, precisa causar mais ônus do que benefícios à universidade e, em última instancia, à sociedade. Outrossim, frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal.”

Ao escrever “nenhuma luta que não cause”, maltratou a Inculta & Bela. Mas quem apanhou mesmo foram as ideias.

Dado o resultado, ele poderia dizer — será? — que o “ônus é maior do que os benefícios” e que isso é muito feio. A ressalva, em sua decisão, parece-me, é apenas prudencial. O certo é que o meritíssimo endossou um método de luta que afronta não uma ordem ditatorial, mas uma ordem democrática.

Quem vai pagar por isso, juiz Laroca?

Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 12 de novembro de 2013

DANOS, FURTO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA NA OCUPAÇÃO DA USP


Dois alunos são presos durante reintegração de posse na USP. Segundo delegado, eles devem ser indiciados por danos, furto e formação de quadrilha; diretora do DCE nega furto


Victor Vieira - O Estado de S. Paulo. 
12 de novembro de 2013 | 10h 08

Werther Santana/Estadão
Pichação e sujeira no interior da reitoria

SÃO PAULO - Dois estudantes foram presos no começo da manhã desta terça-feira, 12,após a reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) feita pela Tropa de Choque da Polícia Militar. De acordo com a Polícia Civil, os manifestantes foram detidos durante tentativa de fuga do prédio e devem ser indiciados por danos e furto ao patrimônio público, além de formação de quadrilha.

Os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição João Vítor Gonzaga Campos, de 27 anos, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, de 23 anos, foram levados ao 93º Distrito Policial (Jaguaré) e podem ser transferidos ainda nesta terça para a delegacia de trânsito. A Polícia Militar não tem registro de detidos durante a reintegração de posse.

"A manutenção dos dois na prisão depende do Judiciário, mas nosso entendimento é de que houve graves prejuízos ao patrimônio público", afirma o delegado titular do 93º DP, Celso Lahoz Garcia. Segundo ele, outros estudantes podem ser detidos por envolvimento nos supostos furtos e depredações. Um inquérito foi instaurado em 1º de outubro, início da ocupação da reitoria da USP, para apurar eventuais ilegalidades nas manifestações. Pelas redes sociais, alunos combinam ir ao 93º DP para pressionar a polícia pela liberação dos dois detidos.

Além da perícia policial, funcionários da reitoria vistoriaram o prédio na manhã desta terça. Entre os objetos desaparecidos, de acordo com a polícia, estão computadores, celulares e troféus históricos da instituição. Segundo a assessoria de imprensa da USP, há paredes pichadas, mesas reviradas e portas arrombadas dentro do imóvel. Os maiores danos estão no andar térreo do imóvel, onde os manifestantes se concentravam.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o levantamento dos policiais indica que 30 alunos se revezavam no prédio nos últimos dias. Já o Diretório Central dos Estudantes afirma que centenas de manifestantes dormiram dentro da reitoria no último dia de ocupação.

Saída dos alunos. Os universitários que ocupavam a reitoria não ofereceram resistência durante a ação do 2º e 3º Batalhões de Choque da PM. A estudante de Letras e diretora do DCE, Arielli Tavares, de 23 anos, afirma que todos já haviam saído do prédio quando a Tropa de Choque da PM chegou ao local. O grupo de manifestantes foi avisado por colegas, que faziam vigília em vários pontos do câmpus Butantã para alertar sobre a entrada dos policiais na Cidade Universitária.

Arielli também contesta a acusação sobre furtos. "A orientação do movimento, desde o início, era de zelo ao patrimônio público", garante. "Além disso, a vistoria deveria ser feita com a participação de alunos", afirma. De acordo com ela, o pedido da reintegração de posse na Justiça e ação dos policiais mostram que a administração da USP tem pouco abertura para o diálogo. "A reitoria não marcou outro encontro de negociação desde a semana passada", diz. O recurso do DCE contra a decisão que autoriza a reintegração de posse foi negado pela Justiça.

Protesto nas ruas. Na tarde desta terça-feira os alunos da USP planejam novo ato, com concentração na Praça do Ciclista a partir das 16h. O grupo reivindica eleições diretas na universidade, pauta que motivou a ocupação da reitoria, e protesta contra a truculência policial no câmpus.

A Assessoria de Imprensa da USP informou que não serão feitos novos encontros de negociação entre alunos e reitoria e que o DCE deve ser responsabilizado, em processo administrativo, pelos prejuízos à universidade.




Tropa de Choque cumpre ordem de reintegração de posse da reitoria da USP. Há poucos alunos no local e não houve conflito, segundo a polícia, que iniciou operação no fim da madrugada

12 de novembro de 2013 | 6h 30

O Estado de S. Paulo




Werther Santana/Estadão
Polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio

SÃO PAULO - A Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu na manhã desta terça-feira, 12, a ordem de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada desde 1º de outubro. Segundo a corporação, há poucos alunos no local e não houve confronto. A operação teve início às 5h30.

Após a desocupação, a polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio.

A Justiça determinou a reintegração de posse na segunda-feira, 4. O desembargador Xavier de Aquino, da 2ª Câmara de Direito Público de São Paulo, disse que a ocupação da reitoria atrapalhava "o bom andamento da universidade". Em assembleia na quarta-feira, 6, os alunos decidiram permanecer no prédio.

A reitoria foi invadida depois de o Conselho Universitário da USP ter rejeitado as eleições diretas para reitor e vice-reitor. A eleição direta é a principal demanda dos estudantes.



sábado, 26 de outubro de 2013

O MANIFESTO DOS PROFESSORES

O ESTADO DE S.PAULO 26 de outubro de 2013 | 2h 15

OPINIÃO


Ao julgar a ação de reintegração de posse impetrada pela Procuradoria Jurídica da USP com o objetivo de retomar o prédio da Reitoria, que foi invadido a machadadas no início do mês por um pequeno grupo de estudantes, sob o pretexto de reivindicar a eleição direta para reitor, a primeira instância e a segunda instância da Justiça estadual estimularam as partes em confronto a "dialogar com serenidade e ponderação".

Nas duas instâncias, a Justiça paulista deixou de lado o fato de que a ação judicial impetrada pela Reitoria da USP tinha por objeto apenas uma questão possessória e passou a tratar de um tema que não estava sub judice - a estrutura administrativa e o processo decisório da maior universidade brasileira. Vinculados a minúsculas facções de extrema esquerda, os invasores apresentaram-se como vencedores, mantendo a ocupação das instalações da administração central da USP. Também afirmaram que a Justiça endossou a forma de protesto adotada pelo grupo e deflagraram uma greve por tempo indeterminado, impedindo as aulas em algumas unidades da instituição, especialmente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

Depois de três semanas de baderna e confusão, mais de cem docentes da FFLCH assinaram um manifesto criticando, de forma contundente, a intolerância e a violência dos estudantes que reivindicam a eleição direta para reitor, empilhando cadeiras, mesas e armários nos corredores e nas portas das salas de aula, com o objetivo de impedir qualquer atividade acadêmica. "A imposição forçada da greve ao conjunto da faculdade se dá por métodos de coerção inaceitáveis e inapropriados ao convívio universitário", afirma o manifesto, que foi assinado, entre outros, pelo professor José Álvaro Moisés, do Departamento de Ciência Política, Davi Arrigucci Júnior, do curso de letras e teoria literária, e Flávio Wolf de Aguiar, ex-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

Além da crítica à violência dos estudantes, os signatários do texto chamam a atenção para outro importante aspecto da invasão do prédio da Reitoria e para a promoção de "cadeiraços" na FFLCH."Temos abdicado de apontar e condenar as derivas autoritárias e truculentas de uma parcela nem sempre representativa dos alunos", dizem eles. Segundo os professores Sérgio Miceli, do Departamento de Sociologia, e Laura de Mello e Souza, do Departamento de História, "desde que os piquetes começaram, a vontade da minoria militante impera, não permitindo ouvir as vozes dissonantes, mesmo majoritárias, sepultando o diálogo entre os próprios estudantes e destes com os docentes".

A reação dos invasores e piqueteiros foi a esperada. Além de manter os "cadeiraços" nas salas dos cursos de história, geografia e ciências sociais, eles classificaram os signatários do manifesto como "direitistas". Também os acusaram de "sabotar a mobilização", atestando assim, de forma inequívoca, a procedência das críticas de uma parcela expressiva do corpo docente da FFLCH.

Com quatro campi na cidade de São Paulo e seis no interior, a USP tem 92 mil estudantes. Desse total, 58,3 mil estão matriculados na graduação; 28,4 mil fazem pós-graduação; e 5,3 mil são alunos especiais. Os números dão a dimensão da falta de representatividade do grupo que vem impedindo a administração central da instituição de funcionar e inviabilizando o cumprimento do semestre letivo pela FFLCH. Sob o pretexto de defender a adoção de uma gestão tripartite, com mandatos revogáveis por decisão de assembleias universitárias, cerca de 300 a 400 estudantes recorrem à violência e ao vandalismo para impor sua vontade a um universo de 92 mil alunos. Como levar a sério um grupo que, representando 0,5% do corpo discente, quer impor à força o participacionismo e o assembleísmo numa instituição que, por princípio, funciona com base no princípio do mérito?

Os signatários do manifesto dos docentes da FFLCH viram o que a primeira e segunda instâncias da Justiça nem de leve perceberam - a impossibilidade de um diálogo sério e honesto quando uma das partes não tem representatividade.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

UNIVERSIDADE, GUERRA E PAZ

FOLHA.COM 21/10/2013 - 03h30

Francisco Foot Hardman


Na celebração dos 925 anos da Universidade de Bolonha, ocorrida há três semanas --há quem a chame de a mais antiga do mundo, mas seria prudente dizer a mais antiga do Ocidente-- coube ao professor emérito Umberto Eco proferir aula magna sobre tema aparentemente banal: "Por que as universidades?".

Eco, com sua erudição costumeira e brilho ímpar na retórica, retomou a história de princípios, valores e práticas que marcam permanência tão remota, que antecede ao surgimento do Estado nacional moderno e que chega até hoje, em meio à crise profunda da economia-mundo, ao esgaçamento do tecido social a leste e a oeste, a sul e a norte, às guerras e aos regimes de exceção como regra, ao risco de colapso presentes nos ecossistemas mundiais, aos fundamentalismos religiosos, econômicos, políticos e midiáticos que bloqueiam qualquer pretensão à "ideia de uma história universal do ponto de vista cosmopolita" com que sonhou Kant, bem antes de Marx.

Universidade: desacreditada por muitos, desvirtuada por outros, atacada tantas vezes de fora, e também de dentro e, ainda assim, no entanto, alcançando o reconhecimento menor ou maior, pela quase totalidade dos povos e culturas, de que seu progresso pode ser garantia da continuidade da aventura humana neste combalido planeta.

Considerando a envergadura dos adversários --igrejas, Estados, ideologias, corporações-- digamos que é uma existência heroica e, no que conseguiu pensar livremente, descobrir, criar, não sem lutas nem perdas, trata-se de percurso glorioso.

Expoente da semiótica estruturalista e hoje um de seus denodados críticos (exemplo ilustrativo da possibilidade de permanente autorrefutamento que a academia deve conter), Eco lançou, a modo de desafio, uma proposta não desvinculada ao esforço atual de incremento dos fluxos de internacionalização, movimento mais que necessário, embora fetichizado por muitos: que as universidades possam converter-se, num mundo beligerante, em verdadeiras "forças de paz".

Vista, assim, de chofre, essa imagem poderá parecer a muitos, no Brasil dos eternos campi conflagrados, das invasões de reitoria como atos prévios a qualquer reivindicação, de grupos minoritários de ativistas violentos, tão mais exaltados e truculentos quanto menos representativos ou argumentativos, talvez uma extravagância do acadêmico.

A ideia de associar o espírito universitário autônomo e livre ao engajamento pela paz mundial, embora alicerçada na melhor tradição do humanismo que a fundou, parece equivaler, no cenário brasileiro, a mais uma das utopias afeitas a "terras e lugares lendários" de que trata o mais recente livro de Eco.

E talvez seja isso. Esse lugar "lendário" é um u-topos, um "sem lugar", não bastam quase mil anos de história para comprovar o acerto de um conceito. Porque, a rigor, o contrato social de fundação da universidade e que se manteve, entre tantas crises, até aqui, pressupõe a capacidade ilimitada de diálogo, única garantia de um pacto de confiança que pode criar os elos para que os saberes se movam de suas certezas incertas rumo à aventura do conhecimento. Quando a violência de poucos contamina o ânimo de muitos, quando alunos elegem professores como alvos preferencias de ataques ou ameaças, no conforto de suas vagas e na certeza da impunidade, quebra-se algo que depois será muito difícil reparar.

A ideia da liberdade absoluta, que algumas dessas seitas apregoam, não é revolucionária, mas reacionária. Sua fonte não é o socialismo, como repetem, mas o individualismo possessivo burguês, que tantos males tem feito à universidade e à sociedade.

FRANCISCO FOOT HARDMAN, 61, é professor de teoria e história literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador convidado na Universidade de Bolonha (Itália).

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domingo, 20 de outubro de 2013

AS INVASÕES DA USP



O ESTADO DE S.PAULO 20 de outubro de 2013 | 3h 11

OPINIÃO


No início da semana passada, o desembargador José Luiz Germano, da 2.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, autorizou a reintegração de posse do prédio da Reitoria da USP, que foi invadido por um pequeno grupo de estudantes no início do mês, mas determinou que a desocupação só seja realizada dentro de 60 dias, para dar "mais uma oportunidade de diálogo" aos invasores e aos dirigentes da instituição. "Esse tempo pode servir para que as partes negociem, dialoguem e cheguem a um entendimento", disse ele, depois de afirmar que "a ocupação de prédios públicos extrapola os limites do direito de pressão".

Entre outras reivindicações, os estudantes querem a adoção da eleição direta para reitor e de um sistema de gestão tripartite, com mandatos revogáveis por decisão de assembleias universitárias. O Conselho Universitário aceitou modificar as regras para a escolha do novo reitor, mas recusou a proposta de "participacionismo" dos estudantes, por ser jurídica e funcionalmente descabida.

Dois dias após a divulgação do despacho do desembargador Germano, um pequeno grupo de estudantes invadiu um dos prédios do câmpus da USP em São Carlos. E, no dia seguinte, outro grupo bloqueou o acesso ao câmpus da Cidade Universitária, em São Paulo. Segundo os líderes estudantis, o bloqueio foi realizado para obrigar os dirigentes da USP a restabelecerem o fornecimento de energia elétrica e de água nas dependências ocupadas, que está interrompido desde a invasão. "O que está acontecendo é uma afronta aos direitos direitos humanos", disse o diretor do DCE, Thiago Mahrenholz.

Ao apelar para atos violentos - e o bloqueio à Cidade Universitária é mais um inequívoco ato de violência -, os estudantes deixaram claro que não querem dialogar, mas impor unilateralmente sua vontade política. Também evidenciaram o equívoco de juízes que, em vez de aplicar a lei, para evitar a depredação do patrimônio público e a interrupção da administração central da maior universidade do País, privilegiam argumentos políticos em detrimento do direito positivo.

Ao agir dessa forma, não consideram que a ação que foi levada a julgamento é uma mera questão sucessória - tratam-na como se fosse a mudança do processo decisório da USP, o que extrapola sua competência. Em seu despacho, o desembargador José Luiz Germano afirmou que a ação sub judice versava sobre o "direto de exercer pressão". Reconheceu que as invasões de prédios públicos impedem os órgãos governamentais de exercer suas atribuições funcionais. Observou que os protestos são legítimos, quando realizados em ruas e praças, sem prejudicar o funcionamento da administração pública. Mas, alegando que a invasão do prédio da Reitoria da USP configura uma "situação diferente" que exigiria uma "solução diferente", já que a administração central da Universidade poderia "funcionar em outro local", manifestou-se contrário à desocupação imediata. "Há que se ponderar os direitos e os interesses dos envolvidos", afirmou.

O problema é que na ação submetida ao desembargador os interesses eram absolutamente incompatíveis. Invasões de prédios públicos são ilegais e o "direito de pressão" é eufemismo para ação direta, isto é, o uso da violência física. Por gerirem um patrimônio da coletividade, os dirigentes da USP não podem ser coniventes com qualquer invasão, sob pena de incorrerem em crime de responsabilidade. Já a outra parte, integrada por pequenas facções radicais de esquerda sem maior representatividade no corpo discente da USP, que é composto por cerca de 92 mil alunos, faz da violência e da violação sistemática da lei seus instrumentos de ação. É absurdo que lhe seja concedida a legitimidade para "negociar", depois de ter desacatado a ordem jurídica.

A decisão do desembargador José Luiz Germano abriu um perigoso precedente. Seu despacho pode levar a crer que quem afronta a lei passa, por isso mesmo, a ter direitos adquiridos.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

ESTUDANTES EM GREVE FECHAM PORTARIAS DA USP


Eles protestam contra Rodas e pedem restabelecimento de água e luz na reitoria

18 de outubro de 2013 | 8h 17

EQUIPE AE - Agência Estado



Atualizada às 8h51 Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) em greve há 16 dias se organizaram para trancar os portões da universidade a partir da manhã desta sexta-feira, 18, como forma de pressionar o reitor, João Grandino Rodas, a atender suas pautas, como eleições diretas para reitor e o fim do convênio da USP com a PM. Desde às 6h, a Portaria 1 está fechada. Por volta de 8h30, o acesso ao portão 3 foi bloqueado. Todo o efetivo operacional da 1ª Companhia do 16º Batalhão de Polícia Militar do Estado, inclusive o comando, está na universidade. Na região do Butantã, o trânsito apresentava 5 quilômetros de lentidão, segundo informações da Rádio USP. Apenas o portão 2 permanece aberto.



Hélvio Romero/Estadão Conteúdo
Estudantes ocupam o portão 1 da USP; há apenas um portão sem bloqueio



Desde o começo da ocupação da sede da reitoria e da greve estudantil, não houve acordo entre a administração da USP e os estudantes. Terça-feira,15, a Justiça negou o recurso de reintegração de posse solicitado por Rodas, na segunda negativa por parte da Justiça, que, após audiência de conciliação do dia 8 de outubro, concluiu que o movimento estudantil tem caráter político. Após o início da ocupação, a luz e a água do prédio da reitoria foram cortadas e continuam desligadas.

Segundo as lideranças dos estudantes, o trancamento dos portões da universidade, hoje, tem como principal objetivo forçar o início das negociações, o restabelecimento da energia elétrica e do fornecimento de água na reitoria ocupada. Os estudantes alegam que com o indeferimento da reintegração de posse pela justiça tais cortes de suprimentos ao prédio da reitoria são ilegais. " Oque está acontecendo aqui é uma afronta aos direitos humanos. Nosso protesto é legítimo", afirma o diretor do DCE Thiago Mahrenholz.



Os estudantes argumentam que a repressão sofrida por eles durante a manifestação, no mesmo dia da última decisão judicial, teria sido uma represália do governador Geraldo Alckmin e do reitor. Eles garantem que no ato, mais de 50 manifestantes foram detidos e vários outros foram feridos com balas de borracha e cassetetes.

Greve

Mais de 30 cursos já se declararam em greve na USP, segundo integrantes do movimento. As entidades representativas dos professores e funcionários apoiam as bandeiras dos estudantes e também mobilizam suas categorias. Em assembleia realizada na quinta-feira, 17, os estudantes decidiram pela manutenção da greve e fortalecimento da mesma nos cursos, por meio do Comando de Greve. Nos campi do interior, também há manifestações e paralisações.

sábado, 5 de outubro de 2013

AUTONOMIA X SEGURANÇA

REVISTA ISTO É N° Edição: 2290 | 04.Out.13 - 20:55 | Atualizado em 05.Out.13 - 16:50

Lugares invioláveis por lei, as universidades enfrentam uma onda de crimes que pode levar à necessidade de se repensar o sistema de segurança do ambiente acadêmico

Michel Alecrim


ESCALADA
A UFRJ registrou este ano 33 furtos de carros. No ano passado todo foram oito

O último 11 de setembro foi o dia do terror para a professora M., de 43 anos, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela ficou em poder de sequestradores armados por quase duas horas e meia, enquanto os bandidos sacavam dinheiro e faziam compras no seu cartão. M. foi rendida no estacionamento da faculdade, de dia, e liberada quase à noite, na Baixada Fluminense. A professora é mais uma das muitas vítimas de crimes praticados em cidades universitárias – grandes áreas com autonomia administrativa e acadêmica assegurada pela Constituição Federal. Mas a autonomia que garante a não interferência na produção e ensino do conhecimento é a mesma que, hoje, não permite a entrada de polícia em território acadêmico. A aversão por homens armados e fardados vem do período da ditadura, quando faculdades eram invadidas, pessoas eram presas e desapareciam. Mas, na democracia, essa conquista de valor inquestionável tem levantado polêmica, uma vez que a escalada criminosa no ambiente universitário só cresce.

A UFRJ é uma das poucas que contabilizam e divulgam as estatísticas, porém muitos fatos não chegam a ser notificados, como o número de estupros. Mas os furtos de carros, sempre registrados (por causa do seguro), servem de termômetro: entre janeiro e agosto deste ano foram 33, contra oito no mesmo período do ano passado. “Os campi não podem mais ser tratados como lugares invioláveis ou santuários. É inevitável que haja segurança pública também nesses espaços. Isso não ocorre porque há um preconceito ideológico gerado na ditadura”, avalia o professor de administração pública da Universidade Mackenzie Rio, Newton Oliveira. Depois que o aluno de engenharia Denis Papa Casagrande, 21 anos, foi morto com uma facada na madrugada de 21 de setembro na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a reitoria pediu reforço à Polícia Militar, e as rondas, que eram esporádicas, foram intensificadas. O casal suspeito do crime está preso. “Não é intenção da universidade ter uma base da polícia dentro do campus, mas avaliamos falhas para saber que medidas tomar. De qualquer forma, precisaremos de fato do auxílio da PM e da Guarda Municipal”, explicou a pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Teresa Dib Atvars. Os estudantes não concordam com a medida. Na quinta-feira 3, eles invadiram a reitoria para protestar contra a presença de policiais no ambiente acadêmico.


NA USP
O estudante de biologia Pedro Vidal já foi assaltado. A PM está mais
presente, mas ele critica as ruas mal iluminadas e a falta de ônibus à noite

A Unicamp já conta com 252 vigilantes e 262 câmeras. Por ano, há, em média, dez furtos de carros. No ano passado, foram furtadas 90 bicicletas. No entanto, muitos temem pela presença de policiais no campus. “Eles (PMs) passam com cachorros. É amedrontador. Estão usando o crime como pretexto para a militarização”, diz a estudante Mariana Toledo, coordenadora do Diretório Central Acadêmico da Unicamp. Para o sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Glaucio Soares, a reação da estudante é previsível, pois universitários, historicamente, têm aversão à polícia. “O criminoso sabe perfeitamente das vulnerabilidades dos campi e sabe que nesses lugares há pessoas com alto poder aquisitivo. O potencial para a criminalidade é muito grande”, avalia.

A UFRJ contratou 20 profissionais de segurança que passaram a fazer, desde o mês passado, rondas em bicicletas, e um dos acessos foi fechado. A Polícia Militar circula pelas principais vias do Fundão – nome da ilha na qual está localizada a UFRJ, na zona norte carioca –, mas está impedida de adentrar nas faculdades e em algumas áreas, como o estacionamento, onde ocorrem muitos crimes. Sequestrado em 2011 pela manhã enquanto estacionava o carro, um estudante de engenharia de 25 anos, que pede anonimato, acredita que nada disso vai adiantar. “Na delegacia me disseram que não podiam fazer nada porque as imagens das câmeras não têm definição”, lamenta o jovem, que ficou quatro horas sob a mira de armas.



A própria universidade registrou nove sequestros desse tipo no ano passado e sete este ano. Uma aluna do Centro de Tecnologia, que também não quis se identificar, contou que um bandido a espancou, em 2012, e que quase foi levada por eles. “Pulei do carro e saí correndo. Depois, na delegacia disseram que não tinham muito o que fazer e que os sequestros são frequentes no Fundão”, lamenta ela, até hoje traumatizada. O delegado José Otilio Bezerra, titular da 37ª DP, na Ilha do Governador, diz que muitas vítimas não registram os casos na delegacia, o que prejudica a investigação, a prisão dos criminosos e o conhecimento do tamanho do problema. No caso dos sequestros relâmpago, é comum que sejam notificados perto de onde a pessoa é solta. “Fiz um levantamento e só encontrei cinco roubos no Fundão este ano. Assim, fica mais difícil identificar as quadrilhas”, explica o delegado.


NA UFRJ
Aluna do Centro de Tecnologia apanhou de um
bandido no ano passado numa tentativa de sequestro.
Ela conseguiu escapar e deu queixa na delegacia

Na Universidade de São Paulo (USP), a PM já atua há dois anos, apesar dos protestos de boa parte dos alunos. O estudante de biologia Pedro Vidal, 20 anos, acredita que a sensação de insegurança é a mesma e há ruas mal iluminadas e falta de ônibus à noite. “Estava no ponto com mais quatro pessoas e fomos todos assaltados. Depois, soube que no mesmo lugar voltaram a roubar outras vezes”, conta. A universidade começou a implantar nova iluminação no campus do Butantã, na zona oeste da capital, na quarta-feira 25. O primeiro local beneficiado foi a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), onde foi morto o estudante Felipe Ramos de Paiva em 2011. Ao todo, serão gastos R$ 40 milhões em toda a Cidade Universitária.

As instituições privadas também são vítimas. No início de setembro, um assaltante armado chegou a invadir uma sala de aula do curso de comunicação social da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de Porto Alegre, e levou tudo o que podia dos alunos. A instituição admitiu que o esquema de segurança está sendo reforçado, com mais câmeras e criação de um número de telefone específico para emergências. O desafio e saber como assegurar a autonomia sem que os campi se transformem em território sem lei.





COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É preciso organizar corpos de segurança universitária com tarefas definidas, recrutadas, formadas, treinadas e capacitadas pela polícia federal (universidades federais) e pela polícia militar (universidades estaduais e privadas), amparadas em leis específica e dotadas de tecnologia de controle e monitoramento.  

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

UNICAMP AUTORIZA PM NO CAMPUS APÓS MORTE DE ESTUDANTE


Universidade aceitou oferta do governador Geraldo Alckmin; Denis Papa Casagrande, de 21 anos, foi esfaqueado durante uma briga em uma festa clandestina, no sábado, 21

27 de setembro de 2013 | 12h 22

RICARDO BRANDT - Agência Estado


A reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou na manhã desta sexta-feira, 27, que autorizou a entrada da Polícia Militar (PM) no campus, após a morte do estudante Denis Papa Casagrande, de 21 anos, esfaqueado durante uma briga em uma festa clandestina, no último sábado, 21.

"A Unicamp aceitou prontamente a oferta do governador (Geraldo Alckmin) para que a polícia pudesse entrar e circular pelo campus. Essa atitude era até desnecessária, porque a polícia sempre teve competência constitucional para fazer", afirmou a pró-reitora de desenvolvimento universitário, Teresa Atvars.

Na quarta-feira, 24, Alckmin afirmou que a Polícia Militar está à disposição da Unicamp para fazer a segurança no campus, em visita a Araras, interior de São Paulo. "A USP em São Paulo, concordou em ter ação policial dentro do campus da universidade. Deu até uma grande polêmica, mas nós pusemos", citou o governador.


A presença policial na universidade é polêmica. O Diretório Central Estudantil é contra. "A reitoria está usando o crime para implementar medidas que há muito tempo tenta executar, como a restrição física de acesso ao campus e a militarização do espaço", criticou uma das coordenadores do DCE, Diana Nascimento, de 23 anos. "Somos contra essas medidas. Em 2002, um aluno foi morto pela PM no campus de Limeira. Ele era o único negro ali e foi confundido com um assaltante."


Durante entrevista coletiva na Unicamp nesta manhã, a pró-reitora afirmou que "já houve conversa entre a alta administração da universidade e o comando da PM" e que a polícia já está na universidade nesta sexta-feira.

sábado, 21 de setembro de 2013

MORTO EM FESTA NA UNICAMP


Estudante de 21 anos morre esfaqueado em festa na Unicamp. Denis Casagrande foi atingido durante briga; universidade de Campinas diz que evento não havia sido autorizado e pode ter sido invadido por ‘pessoas estranhas à comunidade’

O GLOBO, COM INFORMAÇÕES DO G1
Publicado:21/09/13 - 11h25
Atualizado:21/09/13 - 11h29


CAMPINAS - O universitário Denis Papa Casagrande, de 21 anos, morreu na madrugada deste sábado após ser esfaqueado numa festa na Unicamp, em Campinas (São Paulo). Denis cursava o segundo ano de engenharia de controle e automação (mecânica) e foi atingido durante uma briga no campus de Barão Geraldo.

Ele chegou a ser socorrido pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos. Em nota, a Unicamp lamentou o ocorrido, afirmou que a festa não era autorizada e que vai apurar o caso.

“A Unicamp tomará providências administrativas para apurar as circunstâncias do ocorrido e identificar os responsáveis pela festa realizada sem autorização da instituição bem como a participação de pessoas estranhas à comunidade acadêmica”, diz a nota.

As primeiras informações são de que o jovem foi atingido durante uma briga, que ocorreu no Ciclo Básico da universidade. Outro estudante, Anderson Marcelino Ferreira Mamede de 20 anos, também sofreu ferimentos. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o HC da Unicamp, onde permanece sob cuidados médicos com quadro de saúde estável. Denis também foi socorrido pelo serviço de emergência, mas não resistiu.

De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima é de Piracicaba, mas morava em uma república próximo à universidade. Segundo o G1, o corpo da vítima ainda não foi liberado para nenhuma funerária da cidade natal do jovem.

O Samu disse que o serviço foi acionado às 3h35m para socorrer uma vítima de espancamento e com ferimentos à faca no local. Denis teria sido socorrido pelo Samu e encaminhado para o Hospital de Clínicas da Unicamp, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a nota da Unicamp, consta dos registros de vigilância interna da universidade que, no início da festa, ainda na noite de sexta-feira, o campus foi invadido pelos participantes, que “avançaram com seus carros sobre as barreiras colocadas nas portarias 1 e 4 e sobre os vigilantes que tentaram barrar sua passagem”.

A vigilância da universidade declarou que pediu ajuda à PM e à Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) para controlar o problema, mas não foi atendida.

A morte de Denis, diz a nota, ocorreu por volta das 4h deste sábado. A universidade lembra que festas dentro do campo precisavam ser previamente autorizadas, o que não ocorreu. Os participantes correm risco de sofrer punições disciplinares, afirma a nota.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

IMAGENS PODEM AJUDAR IDENTIFICAÇÃO DO BANDIDO QUE ASSALTOU NA PUC

ZERO HORA 03/09/2013 10:00

Imagens podem ajudar a identificar homem que assaltou universidade. Polícia não descarta que criminoso seja aluno da instituição de ensino


Imagens das câmeras de segurança da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) podem ajudar a polícia a identificar o homem que entrou em uma sala de aula do prédio 7, da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), anunciou um assalto e roubou os pertences dos alunos.

A investigação está a cargo da 11ª Delegacia de Polícia (DP). “Estamos buscando o material que está com a PUCRS, identificar as filmagens e montar um cenário do acontecido”, disse o titular, delegado Francisco dos Santos. “Vamos escolher a imagem que melhor tem a visualização e divulgar, buscando a colaboração das pessoas”, explicou.

O material será encaminhado à Polícia Civil ainda nesta terça-feira. Por meio de uma nota oficial, a PUCRS lamentou o ocorrido e informou que possui um sistema integrado de segurança, com câmeras e vigilantes 24 horas por dia.

Assaltante pode ser aluno

A Polícia Civil ressalta que ainda é cedo para informar qualquer detalhe sobre a investigação. Entretanto, o delegado não descarta nenhuma possibilidade – nem de o suspeito ser aluno da universidade e nem de ser uma pessoa de fora. “É uma universidade privada, mas é um espaço público, já que acaba sendo usado como travessia”, ponderou ele, referindo-se ao fato de o campus da PUCRS compreender uma grande área entre as avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves.

O caso

De acordo com a Brigada Militar (BM), o assalto ocorreu por volta das 22h, no terceiro andar do prédio da Famecos, que fica localizado bem próximo da avenida Ipiranga. Cerca de 20 estudantes estavam na aula do sexto semestre do curso de Jornalismo.

Após o crime, os seguranças da PUCRS estranharam a movimentação no local e foram até a sala de aula, mas o criminoso já tinha fugido.

Um estudante que não quis se identificar revelou que o bandido entrou na sala, durante a disciplina de Administração em Jornalismo e ficou parado. Ao ser questionado sobre o que fazia ali, sacou uma arma e pediu os pertences dos alunos. Ele levou dinheiro, notebooks e smartphones. Segundo o aluno, a ação durou cerca de 10 minutos.

Antes de sair , ele pediu para que a turma não fizesse barulho e informou que dois comparsas aguardavam por ele na entrada da universidade. Além disso, exigiu que aguardassem 30 minutos antes de avisarem a polícia. Ninguém ficou ferido.

Confira a nota da PUCRS na íntegra:

"A PUCRS lamenta o ocorrido na noite de ontem, 2 de setembro de 2013, no prédio da Faculdade de Comunicação Social. A segurança da comunidade universitária é uma prioridade para a PUCRS e, neste sentido, a Instituição dispõe de um sistema integrado de segurança compreendendo câmeras e vigilantes 24 horas por dia por toda a extensão do Campus Universitário.

A PUCRS já cientificou à Brigada Militar ainda na noite de ontem e está encaminhando à 11ª Delegacia de Polícia Civil, hoje pela manhã, os materiais relativos ao fato ocorrido para a investigação criminal, colaborando para o esclarecimento do mesmo".

ALUNOS SÃO ASSALTADOS EM AULA


ZERO HORA 03 de setembro de 2013 | N° 17542

EDUARDO ROSA E JAQUELINE SORDI

ATAQUE EM UNIVERSIDADE. Ladrão armado entrou em sala da faculdade de comunicação da PUCRS, roubou pertences e provocou pânico ontem à noite


Uma turma de alunos do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) foi surpreendida, na noite de ontem, por um assaltante armado. Depois de ameaçar os universitários e roubar pertences e dinheiro de alunos e da professora, o ladrão saiu do prédio sem ser identificado.

De acordo com relatos de estudantes que estavam na sala, o homem entrou no local, no terceiro andar da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), por volta das 22h15min.

O estudante Douglas Roehrs, 23 anos, afirmou que havia saído da sala poucos minutos antes e chegou a conversar com o criminoso no corredor.

– Ele me perguntou se faltava muito tempo para terminar a aula, pois estava esperando o irmão dele – contou Douglas.

Cerca de cinco minutos depois, o assaltante entrou na sala, onde 22 alunos assistiam a uma apresentação de PowerPoint da disciplina de Administração em Jornalismo, do sexto semestre do curso, e anunciado o assalto.

Criminoso chegou a ameaçar de morte universitário

Vestindo um casaco cinza e carregando uma mochila rosa, ele mostrou a arma e foi ao centro da sala, pedindo para que todos colocassem seus pertences na mochila.

Enquanto alguns depositavam celulares, carteiras o outros objetos, um estudante se recusou a entregar o notebook. Nesse momento, o assaltante teria ameaçado matá-lo e fingiu realizar uma ligação para comparsas que estariam aguardando no prédio. Ele se dirigiu à porta, carregando na mochila os objetos de mais de 15 alunos e disse para que ninguém saísse pelos próximos 30 minutos.

Durante um breve momento, alunos e professor discutiram como proceder. A professora Roberta Manica, que estava com celular, ligou e pediu ajuda. A segurança do prédio foi até a sala. O assaltante não foi capturado.

Avisada do caso, a Brigada Militar foi ao local. Os alunos foram orientados a registrar a ocorrência individualmente. Pelo menos cinco ocorrências haviam sido registradas na 15ª Delegacia da Polícia Civil (bairro Partenon).

Zero Hora tentou contato com a universidade, mas não obteve retorno até a 0h30min de hoje.



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

UNIVERSIDADES, NÃO FORTALEZAS

FOLHA.COM 23/08/2013 - 03h00


Soraya Smaili


Na madrugada de 2 de agosto, Ricardo Ferreira da Gama, funcionário terceirizado do campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi assassinado a tiros, em frente à sua casa, por quatro homens encapuzados.

A reitoria da Unifesp lamenta e repudia com veemência mais esse ato de barbárie. Ao mesmo tempo, é obrigada a reconhecer que o assassinato de Ricardo Gama, singular por suas características extremadas, lamentavelmente, não é um caso isolado. A cada dia, situações de violência são vividas por estudantes, funcionários e professores nos seis campi da Unifesp.

Por essa razão, o homicídio recoloca com força um debate necessário sobre a questão da segurança na universidade pública, em geral, e na Unifesp, em particular.

A Unifesp foi a universidade que mais cresceu nos últimos seis anos. O número de estudantes de graduação foi multiplicado por oito, distribuído em seis campi situados em São Paulo (onde estão suas escolas mais antigas), Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos Campos e o da Baixada Santista.

Em boa parte, os campi estão localizados em áreas de vulnerabilidade social, e há uma forte razão para isso: a presença da universidade visa também promover o desenvolvimento social do entorno, segundo uma perspectiva de integração entre ambos.

Não obstante, a Unifesp sofreu uma diminuição no número de funcionários. A carreira de vigilante foi extinta, e as universidades federais foram obrigadas a terceirizar esse e muitos outros serviços, sem contar com os recursos adequados.

Promover a integração da universidade ao meio em que ela se encontra não significa simplesmente abrir as suas portas para a comunidade.

Trata-se, sobretudo, de construir uma reflexão aprofundada sobre a importância que a universidade tem para a sociedade, de modo a conquistar o reconhecimento de sua atividade como relevante para a vida.

Nesse processo de construção de abertura e diálogo, a violência cumpre um papel obviamente destruidor e desagregador.

Alguns professores, estudantes e funcionários, alarmados pela violência, querem mais vigilância, catracas, sistemas de câmera em todos os lugares.

Se é perfeitamente compreensível que as pessoas queiram se proteger, por outro lado somos obrigados a observar que os crimes contra o patrimônio --todos, obviamente, condenáveis-- não podem ser equiparados a agressões físicas e sexuais e até homicídios, como o de Gama.

Não se trata de uma observação secundária. Devemos, obviamente, agir com rigor e rapidez contra qualquer ato ilegal. Mas não podemos correr o risco de criar novos problemas --já por si só gravíssimos-- mediante a transformação dos campi universitários em fortalezas estreitamente vigiadas.

A multiplicação de câmeras, catracas e sistemas de alarme é contraditória com a concepção de uma vida universitária que preserva a liberdade de cátedra, de manifestação e expressão. Nem representa um fato consumado a proposição segundo a qual a presença de uma polícia fortemente armada e pouco treinada para o ambiente universitário é sinal de segurança.


Veridiana Scarpelli



Como, então, devemos tratar a questão? A resposta, evidentemente, não será dada unicamente no âmbito da Unifesp nem sequer pelo conjunto das universidades federais.

Trata-se de um problema social. O momento deve nos permitir o debate das ideias, a busca de soluções. O clamor por mais segurança não resolverá, por si só, o problema social nem diminuirá a vulnerabilidade em que nos encontramos.

A reitoria da Unifesp propõe o debate para a sua própria comunidade, mas também para a sociedade e autoridades brasileiras.

Precisamos encontrar soluções e caminhos para que não nos enveredemos em discussões comocionadas ou reduzidas, que poderão nos levar a medidas de pouca eficácia. Importante é não colocar em risco o papel de promover a reflexão e o debate de ideias próprio a uma universidade digna desse nome.

SORAYA SMAILI, 50, professora de farmacologia, é reitora da Universidade Federal de São Paulo

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A questão da segurança das universidades no Brasil está relegada a um plano secundário onde há um descaso generalizado e improvisos para manter uma segurança ilusória e inadequada para atender os anseios das comunidades universitárias. Não existe uma política de segurança universitária e nem equipes de segurança organizadas e estruturadas,  com lideranças capacitadas e agentes formados e treinados para fazer esta segurança diferenciada, já que envolve uma população de estudantes, veículos, laboratórios, museus, depósitos, prédios enormes e uma riqueza em materiais, produtos, tecnologia e livros.  Está na hora dos Governantes promoverem políticas de segurança universitária em que as Universidades Federais teriam todo o apoio e suporte da Polícia Federal na investigação de delitos, no controle externo e na capacitação das equipes de segurança, e as Universidades Estaduais e privadas, tendo o suporte das Polícias Civis e Militares.

terça-feira, 25 de junho de 2013

ASSALTANTES INVADEM E ROUBAM LABORATÓRIO DA USP


Assaltantes rendem vigias e roubam prédio da USP na zona oeste. USP não informou material levado de laboratório da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na noite de domingo


24 de junho de 2013 | 9h 57

Clarice de Oliveira Cudischevitch e Luciano Bottini Filho - O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Três assaltantes invadiram na noite de domingo, 23, o prédio dos cursos de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste da capital, por volta de 21h20. Segundo a Polícia Militar, eles renderam o segurança e levaram vários objetos de um dos laboratórios.

A ocorrência foi registrada às 23h20. De acordo com a PM, o gestor de patrimônio da USP iria fazer um levantamento do material roubado e comunicar à Polícia Civil, no 91º DP (Ceagesp), onde o caso será apurado.

A assessoria de comunicação da FFLCH confirmou o roubo, mas não deu mais detalhes pois diz que está esperando ser informada pela diretoria do centro.