segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

CRIME ATORMENTA ALUNOS NO ENTORNO DE UNIVERSIDADES





Zero Hora constatou que a violência fez parte da rotina dos estudantes a partir do momento que colocam os pés para fora dos campi

Por: Caetanno Freitas e Humberto Trezzi

14/12/2015 - 02h01min


Roubos, furtos, tráfico de drogas, arrastões, sequestro-relâmpago, agressões e até mesmo latrocínio. Todos esses crimes fizeram parte da rotina de estudantes universitários de Porto Alegre e Região Metropolitana no último período letivo. Foi o que constatou Zero Hora ao percorrer, durante três noites, o entorno dos campi da UFRGS, PUCRS, UniRitter e Unisinos. Alunos relataram diversas situações de perigo, áreas desprotegidas e mal iluminadas. São casos graves, que merecem mais atenção das instituições de ensino e órgãos de segurança pública para o próximo semestre. Clique na imagem abaixo e confira a reportagem especial:


INSEGURANÇA


Violência vira rotina no entorno das faculdades e até dentro dos campi da Região Metropolitana de Porto Alegre

Reportagem: Caetanno Freitas e Humberto Trezzi
Edição: Rafael Balsemão
Imagens: André Ávila, Adriana Franciosi, Carlos Macedo, Lauro Alves e Bruna O'Donnell Ayres



Escuridão, medo e assaltos fizeram parte do cotidiano dos principais campi universitários da Região Metropolitana de Porto Alegre ao longo do ano. Foi o que constatou Zero Hora ao ouvir dezenas de estudantes e percorrer, durante três noites, no último semestre, as maiores universidades do principal núcleo urbano gaúcho. De cada 10 pessoas entrevistadas, pelo menos duas admitiram ter sido roubadas ou assistido a ataques de ladrões. Os alunos viraram uma espécie de caixa-rápido para os assaltantes.

Ao fim de mais um período letivo, os relatos evidenciam um problema sério e muito grave, que deve ser enfrentado com mais veemência no próximo semestre pelas instituições de ensino superior e órgãos públicos de segurança. São casos de violência no entorno de áreas desprotegidas que deixam jovens à mercê de assaltantes e colocam milhares de vidas em risco.

Por trás dos ataques, um denominador comum: eles acontecem, sobretudo, em áreas mal iluminadas e quase sempre quando a vítima está sozinha e distraída. Zonas de sombra não faltam nos campi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da UniRitter.


Estrada mal iluminada no Campus do Vale | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS

No Campus do Vale da UFRGS, a estrada que passa sobre uma represa e que leva ao Instituto de Pesquisas Hidráulicas é um breu.

- Parece aqueles lugares mal-assombrados - descreve a estudante de Química Victória Isoppo, 20 anos, que teve três conhecidas assaltadas naquele local. O ladrão, segundo ela, ameaçou as estudantes com um facão “daqueles de cortar cana”. - Na região os guardas ficam numa guarita só até 17h. Depois disso, a gente não vê mais eles - completa.

Zero Hora constatou que a região é escassamente guarnecida. Mas não somente nessa parte do Campus do Vale. No outro lado, mais a oeste, uma parada de ônibus fica isolada em meio a uma estrada, distante de qualquer prédio. Convite a um assalto, define um estudante, que desistiu de pegar condução ali.


“Me senti invadida, ultrajada. Nunca mais consegui passar por ali”

Outro fenômeno que acontece no campus do Vale é o dos ladrões que ingressam nos ônibus para assaltar os alunos que saem da universidade. Eduardo Scapini, estudante de Filosofia da UFRGS, foi assaltado logo após ingressar no T-8 da Carris, ao final de uma aula noturna.



Convite à criminalidade no Campus do Vale | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS

- Eram dois sujeitos, cuidaram quem ia descer. Desci na Avenida Bento Gonçalves, logo após sair do campus. Os dois me seguiram e me “calçaram” com uma faca. Levaram o celular e algum dinheiro. Sei de vários colegas que sofreram o mesmo - relata Scapini.

A situação dos campi Saúde-Comunicações, próximo à Rua Ramiro Barcelos, e Centro, entre a Avenida João Pessoa e a Rua Sarmento Leite, não é diferente, e os relatos de assaltos incluem violência física.


Bequinho próximo a Campus Centro da UFRGS é mal-iluminado

No Centro, em meia hora, Zero Hora conversou com 10 pessoas que foram assaltadas na entrada ou na saída da UFRGS - em alguns casos, durante o dia. Caroline Matei, estudante de Pedagogia, foi vítima perto do meio-dia, embaixo do viaduto. A garota tinha saído da aula e caminhava na calçada próxima à Faculdade de Arquitetura, rumo ao viaduto, quando foi seguida por dois sujeitos.

- Um deles saltou na minha frente, outro ficou atrás. Disseram estar armados, preferi não conferir. Mexeram na minha bolsa, levaram celular, carteira com documentos e R$ 50. Me senti invadida, ultrajada. Nunca mais consegui passar por ali, ando pelo meio da rua, correndo risco de atropelamento - comenta Caroline.

Pai de dois estudantes, o professor de Letras aposentado pela UFRGS Gilberto Wallace fala que o filho e a filha foram assaltados no mesmo ponto descrito por Caroline. O rapaz, de 20 anos, e a garota, de 15, tiveram celular e dinheiro levado por ladrões que se diziam armados.

- É sempre no bequinho entre a Sarmento Leite e a João Pessoa, junto ao viaduto. À noite, tudo ali é absolutamente mal-iluminado - reclama Wallace.

Outro ponto de relatos de terror noturno é a região entre a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) e o campus da Saúde (Odontologia e Medicina), próximo à Rua Ramiro Barcelos. Grupos de alunos chegam a sair juntos, um esperando pelo outro, para não correrem risco de esperar sozinhos em paradas de ônibus, locais visados por assaltantes.


Iluminação precária ao redor do Campus Central da UFRGS | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS

Um dos vitimados pelos criminosos é Lucas Katsurayama, estudante de Jornalismo da UFRGS. Certa noite, na saída da Fabico e de ingresso na Ramiro, foi encurralado por um sujeito com uma faca.

- Ele me levou celular e R$ 100. Foi o terceiro assalto que sofri, mas o único nessa região - relata.

Júlia Gonçalves, estudante de Relações Públicas, foi roubada e agredida na rua paralela à Ramiro, a Jacinto Gomes. Eram 21h30min, e um sujeito com “jeito de drogado” a seguiu. Ele simplesmente começou a dar socos na garota e levou dela a bolsa, com documentos, celular e dinheiro.


“Tremo de medo só de lembrar. Tremo de medo ao pensar nos estudantes”

- Fiquei traumatizada, era um local onde eu passava tranquila à noite, apesar da falta de iluminação. Já fizemos passeata por segurança, informamos as autoridades, mas os assaltos na Jacinto continuam.

A professora de Arquivologia Ana Regina Berwanger já foi seguida por um assaltante, mas conseguiu se livrar dele, correndo para um táxi. Foi em frente à Fabico. Depois disso, decidiu liberar os alunos uma hora mais cedo, à noite.

- Tremo de medo só de lembrar. Tremo de medo ao pensar nos estudantes - resume Ana.

Universitários se sentem inseguros em estacionamento da PUCRS

Os casos descritos por alunos da maior universidade pública do Estado se somam a fatos que também ocorrem no entorno de instituições privadas de ensino superior.

Para alunos da PUCRS, a escuridão em acessos laterais, nas ruas Cristiano Fischer e Nelson Duarte Brochado, agrava o perigo, principalmente nos horários de saída, à noite.

O medo acompanha boa parte dos universitários, principalmente os que saem pelo portão localizado na Avenida Bento Gonçalves. A região tem pelo menos dois bares que são muito frequentados por estudantes de todos os cursos. Algumas pessoas estacionam ao redor dos estabelecimentos para não pagar pelo estacionamento da PUCRS, expondo-se ainda mais ao risco de ruas sem a segurança adequada.


Estudantes da PUCRS também convivem com o medo | Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

- Infelizmente, uma vez fui assaltado na rua de trás. Acontece muito frequentemente porque não tem muita segurança - diz o estudante de Direito Eduardo Cavalheiro, 19 anos.


Carla Cristina Oliveira, 26 anos, também estudante de Direito, relata que chegou a presenciar até mesmo tiroteios e perseguições policiais na mesma saída, na Bento Gonçalves:


- No entorno, não cheguei a sofrer assalto, mas uma vez estava na parada de ônibus, na porta da PUC, e ocorreram tiroteios, perseguição com a polícia. Aí a gente teve de voltar correndo para dentro da universidade porque pelo menos tem segurança.


O acesso principal, na Avenida Ipiranga, também tem problemas de segurança, segundo relatos de alunos entrevistados pela reportagem. Luiza Pontalti, 21 anos, estudante de Química, conta que já foi roubada a poucos metros da universidade.

- Fui assaltada na Ipiranga, antes de entrar no portão principal. Eles chegaram e pediram que horas eram. Foi mais ou menos na frente da Tumelero. Depois, mais para frente, onde só tem o estacionamento e a Ipiranga, eles começaram: “Ah, passa o iPod, passa o iPod”. Só que eu nem tinha um iPod. Aí tive que entregar meu celular - lembra.

Zero Hora também verificou insatisfação geral dos estudantes em relação à falta de vigilância nos estacionamentos. A segurança da área é de responsabilidade da universidade, apesar de o serviço ser prestado e gerenciado pela Safe Park.


- Aqui, no estacionamento da PUC, estão acontecendo vários casos de os carros serem assaltados, de roubarem estepe, pertences dos alunos dentro dos carros - afirma Lucas Oliveira, 18 anos, estudante de Engenharia de Produção.


- Toda semana tem amigos que entram, chegam ao estacionamento, vão pegar a mochila, e um cara aborda e diz: “Deixa tudo aí dentro e me dá tua carteirinha para eu poder sair”. E leva carro, com mochila, com todos os pertences dentro. O pessoal chega nos carros, não tem as rodas, abriram as portas. Acontece direto - acrescenta Carla Cristina.

Assassinato nos arredores da Unisinos


Bares ao redor da faculdade e a procura por vagas para estacionar fora da instituição fazem parte da rotina de grande parte dos universitários, inclusive na Unisinos, em São Leopoldo. E foi justamente a junção desses dois fatores, agravados pela insegurança no entorno do campus, que levaram à morte de Frederico Colnaghi de Almeida, 22 anos, vítima de latrocínio na noite do dia 5 de novembro.


Viatura em frente à Unisinos | Foto: André Ávila/Agência RBS

Estudante de geologia, ele foi baleado com três tiros no tórax quando se preparava para entrar no carro depois de sair de um bar, na Rua Padre Luiz Gonzaga, bem em frente ao campus central. Um dia depois do crime, três jovens foram presos, e a polícia conseguiu recuperar o veículo roubado.


Uma semana após a morte de Frederico, centenas de alunos da Unisinos fizeram uma passeata por mais segurança. Familiares e amigos do estudante vestiram camisetas pretas, encheram balões brancos e ergueram cartazes durante a manifestação pedindo “mais amor, menos violência”.

Andrio Andara, 22 anos, estudante de Engenharia Civil, era um dos melhores amigos de Frederico. Segundo ele, os bares que ficam em frente à Unisinos servem como pontos de encontro para os alunos, e ninguém pretende mudar essa rotina diária, apesar de todos estarem preocupados com a violência do lado de fora.


“A segurança por aqui é horrível. Temos uma quadra inteira da universidade desprotegida”

- A segurança por aqui é horrível. Todos os alunos da universidade vêm para cá, saem da aula, encontram amigos, combinam carona para voltar junto para casa. Então, não deixa de ser um ponto de encontro. Temos uma quadra inteira da universidade totalmente desprotegida - ressalta Andrio.


A estudante de Direito Luciana Justin, 25 anos, lembra um sequestro-relâmpago sofrido por um casal de amigos na parada de ônibus da universidade:


- Todo o entorno da Unisinos é muito inseguro. Tive um amigo que foi sequestrado com a namorada dentro do carro, com arma na cabeça. Passearam pela cidade, deixaram eles num bairro mais distante e levaram tudo. Os dois saíram ilesos fisicamente, mas não psicologicamente.


Em protesto, estudantes da Unisinos pediram segurança | Foto: André Ávila/Agência RBS

Convívio com o tráfico de drogas na UniRitter

Se a criminalidade age pela conveniência e vulnerabilidade de determinados locais e pessoas, a região da UniRitter, no Bairro Alto Teresópolis, tem uma localização “privilegiada”. Próxima à Vila Cruzeiro, área conflagrada pelo tráfico de drogas, a Avenida Orfanatrófio, principal via de acesso dos estudantes, vira um ambiente perigoso e hostil à noite, especialmente para quem depende do transporte público.


“Ninguém tem segurança. Todo mundo anda com medo aqui. A gente vem estudar com medo”

Casos de arrastões em ônibus motivaram um protesto de alunos amedrontados com a violência na porta da universidade. A iluminação fraca, assim como nas outras instituições visitadas por Zero Hora, é uma aliada do crime.


- O que está acontecendo são os arrastões nas paradas, com moto ou carro, descendo pessoas armadas e assaltando na parada e dentro do ônibus - relata Renata Silva, 24 anos, estudante de Engenharia Civil.


- É uma coisa que está ficando muito frequente. Ninguém tem segurança. Todo mundo anda com medo aqui. A gente vem estudar com medo - reforça Analisa Costa, 19 anos, que cursa Relações Públicas na UniRitter.


Alunos da UniRitter expostos ao perigo na parada de ônibus | Foto: André Ávila/Agência RBS

Os arrastões, ocorridos em outubro, foram presenciados por diversas pessoas, entre elas Juliana Preto, 21 anos, estudante de jornalismo.


- Um carro parou, quatro caras saíram armados e fizeram uma arrastão com todo mundo que estava na parada. Aí o pessoal que não havia chegado na parada viu o que estava acontecendo e começou a correr para evitar o pior - conta.

O receio dos estudantes da UniRitter não é só na área externa. Dizem que se sentem inseguros até dentro do campus.


- Além do fato de ter o perigo na parada e no trajeto do ônibus até o Centro, principalmente saindo aqui da Ritter, ainda tem o perigo de ser assaltada até dentro da faculdade porque eles (a UniRitter) não têm um controle de quem entra e de quem sai da faculdade - diz a estudante de Engenharia de Produção Bianca de Castro, 20 anos.


ZH flagra prisão de “motoboy do mal”

Durante a produção da reportagem, Zero Hora flagrou a prisão de um motoboy que estava prestes a repassar drogas a um estudante da PUCRS. Bernardino de Souza Filho, 28 anos, havia marcado encontro com um aluno perto da entrada destinada aos professores, na Avenida Ipiranga, mas foi impedido por um segurança à paisana, que circulava pela região.


Motoboy preso ao tentar entregar drogas na PUCRS | Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS

- Esse rapaz é um motoboy do mal. É um traficante de cocaína e de maconha. Ele veio entregar para um aluno na entrada do portão e prendi ele traficando. Acho que ele está no lugar errado, fazendo a coisa errada - disse Sérgio de Souza, enquanto mostrava o estojo recheado com buchas de cocaína e tijolos de maconha.

Minutos depois, uma viatura da Brigada Militar se aproximou e efetuou a prisão em flagrante do rapaz, que foi levado ao Presídio Central. O estudante que receberia as drogas também foi identificado, mas não chegou a ser preso.

Sérgio, um dos vigilantes que quase passam desapercebidos, informou que trabalha para uma empresa contratada para fazer a vigilância da parte externa da instituição, acionada depois de uma série de casos de furtos que estavam ocorrendo com alunos.



CONTRAPONTOS



O que diz a UFRGS:


A resposta foi dada por Daniel Augusto Pereira, coordenador de Segurança da UFRGS: “A universidade não mede esforços para oferecer melhores condições de segurança em todos os seus campi. Para isso, conta com vigilantes em todas as unidades.

Ocorre que, por força da legislação, a segurança se dá intramuros, haja vista que a competência da prevenção na via pública é da polícia militar. Nesse sentido, sempre que a Coordenadoria de Segurança recebe a informação, através de registro de ocorrências, de assaltos fora dos muros da Universidade, os remete à polícia militar da respectiva área.

Quanto a relato de assaltos em paradas próximas a uma represa que leva em direção ao IPH, de fato, no mês de setembro temos um registro de duas ou três alunas que teriam sofrido um roubo neste local. No mesmo dia, os agentes de segurança da UFRGS efetuaram a prisão de dois indivíduos. Desde então, não tivemos novos registros deste tipo de ocorrência.”

O que diz a UniRitter:

A assessoria de imprensa da UniRitter informou que aumentou a iluminação próxima às paradas e que, para minimizar a sensação de insegurança, negociou com a empresa de ônibus STS para que os alunos possam esperar a chegada do transporte dentro do campus. A universidade comunicou, ainda, que está reivindicando reforço no policiamento e criou uma conta de e-mail (ocorrencia@uniritter.edu.br) para receber demandas sobre segurança dos alunos.

Em relação a possíveis falhas de controle de acesso, a UniRitter disse que está estudando a implantação de um novo sistema, mas reforçou que já há um monitoramento com seguranças, dentro e fora da universidade.

O que diz a PUCRS:


A PUCRS disse que utiliza vigilantes próprios, além de monitoramento com câmeras de segurança que cobrem todo o campus. Na área da Avenida Bento Gonçalves, bastante frequentada por alunos, a PUCRS ressaltou que não tem competência legal para atuar e que “cabe ao próprio estabelecimento cuidar da segurança”. Sobre a iluminação precária em determinados pontos, a instituição informou que o serviço é de responsabilidade da prefeitura. Em relação aos casos citados nos estacionamentos, a PUCRS entende que o número de ocorrências “é baixo em relação a quantidade de veículos”.

O que diz a Unisinos:

A assessoria de imprensa da Unisinos informou que vem dialogando com o poder público sobre as questões relacionadas à segurança no entorno do campus, inclusive sobre o tema de iluminação das ruas próximas. A instituição também comunicou que tem efetuado rondas preventivas com motos e viaturas próprias e encaminhado eventuais casos às autoridades.

O que diz a prefeitura de Porto Alegre:

Sobre a iluminação precária no entorno das universidades, a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), responsável por eventuais problemas de eletricidade em postes de luz, encaminhou equipes para vistorias. Foram consertados, segundo a Smov, dois pontos apagados na Rua Orfanatrófio, um na Rua Cristiano Fischer e outro na Rua Nelson Duarte Brochado, três postes na Rua Sarmento Leite, dois na Avenida Engenheiro Luiz Englert e outros dois na Avenida Paulo Gama.

O que diz a prefeitura de São Leopoldo:

Procurada pela reportagem por e-mail, a assessoria de imprensa da prefeitura de São Leopoldo não retornou o contato até a publicação desta reportagem.

O que diz a Brigada Militar:

O tenente-coronel Mário Ikeda, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar, diz que o patrulhamento em cada um dos três campi da UFRGS é feito de forma diferente. No caso do campus Centro, PMs fazem ronda a pé, pela Avenida João Pessoa, nas proximidades da Faculdade de Direito.

No caso do campus Saúde-Comunicação (nas imediações da Rua Ramiro Barcelos), o controle é feito por uma viatura, que fica estacionada próxima ao Hospital de Clínicas e dali parte para rondas eventuais.

No caso do campus do Vale, não há patrulhamento interno, que é missão da guarda interna da UFRGS. O patrulhamento é feito por viaturas, de forma eventual, na Avenida Bento Gonçalves.

No entorno da UniRitter, Ikeda diz que há um patrulhamento ainda mais intenso em função do tráfico de drogas na região do Alto Teresópolis. Conforme o tenente-coronel, a prisão de usuários e traficantes é frequente. Ele informou ainda que as demandas dos estudantes, relacionadas a eventuais arrastões na Rua Orfanatrófio e paradas de ônibus, estão sendo analisadas pela corporação.

Já na PUCRS, segundo Ikeda, o policiamento é feito por uma viatura que permanece como ponto de referência na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Cristiano Fischer, tanto no turno da manhã quanto à noite. Na Avenida Bento Gonçalves, onde há uma sensação maior de insegurança por parte dos estudantes, o tenente-coronel informou que há “bastante patrulhamento”, mas que não há um ponto fixo para os policiais, que, durante o dia, também circulam a pé pela região.

O tenente-coronel Nélio Tedesco, comandante do Batalhão de Polícia Militar de São Leopoldo, afirma que o policiamento foi reforçado na Unisinos, especialmente depois da morte do estudante Frederico Colnaghi de Almeida. De acordo com Tedesco, houve uma liberação de recursos para pagamento de horas extras no município, o que possibilitou a ampliação do patrulhamento na entrada e na saída dos estudantes.

O que diz a Polícia Civil:

O delegado Adilson Carrazoni, titular da 11ª DP, que atende a área da PUCRS, disse que a criminalidade atua de forma “cíclica” no entorno da instituição e afirmou que a delegacia não tem recebido muitas ocorrências nos últimos meses.

Abílio Pereira, delegado titular da 10ª DP, confirmou os relatos dos estudantes da UFRGS. Segundo ele, há uma “incidência muito grande” de furtos e roubos a pedestres na região que compreende os campi Centro e Saúde-Comunicação. Pereira ainda lamentou que a maioria dos criminosos é presa e solta poucas horas depois, voltando a praticar os mesmos delitos, nos mesmos lugares.

A delegacia responsável pelo Campus do Vale da UFRGS é a 15ª DP. O titular, delegado Ajaribe Rocha Pinto, confirma que acontecem muitos casos de furto e roubo a pedestres na região, mas entende que são situações de “ocasião” e “esporádicos”.

A 20ª DP, que tem a região da UniRitter como uma das áreas de atuação, diz que a insegurança não é específica do entorno da universidade, mas de todo o bairro. De acordo com o delegado Carlos Wendt, as equipes trabalham para investigar casos que são formalizados em ocorrências, mas não podem atuar como policiamento ostensivo, que é de atribuição e competência da Brigada Militar.

O delegado Heliomar Franco, da 1ª DP de São Leopoldo, atuou no caso da morte do estudante Frederico Colnaghi de Almeida e prendeu os suspeitos do crime. Ele disse que a polícia reforçou a atenção à região da Unisinos, inclusive com câmeras de segurança. No entanto, admite que o criminoso vai continuar buscando “safra onde há grão”, numa analogia ao movimento intenso de pessoas no entorno de universidades.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES



ZERO HORA 07 de dezembro de 2015 | N° 18378



EDITORIAIS





O ambiente escolar deve, por princípio, contribuir para a afirmação de condutas civilizatórias, ou a educação formal não estará cumprindo com sua missão essencial. O Brasil tem convivido com fatos preocupantes, na direção contrária, como denuncia pesquisa encomendada pelo Instituto Avon. A amostragem, realizada pelo instituto Data Popular, amplifica um alarme que já vem sendo ouvido: cresce de forma assustadora no país a violência contra as mulheres no meio universitário.

É a realidade doméstica e de locais públicos e de trabalho que se reproduz também no espaço acadêmico. Não há justificativa para o fato de que 67% da universitárias ouvidas já tenham sofrido algum tipo de violência sexual, psicológica, moral ou física no ambiente em que estudam. Impressiona também que 38% dos homens estudantes admitem já terem praticado pessoalmente algum tipo de violência contra mulheres no meio universitário. Mesmo que cada resposta permita interpretações sobre o grau da agressão, não há como fazer concessões. Tanto que 28% das mulheres declararam já terem sofrido algum tipo de violência sexual, de tentativa de estupro a abusos por estarem sob efeito de álcool ou droga.

São dados que devem ser avaliados, em primeiro lugar, pelas próprias universidades e, obviamente, pelas famílias e pelas comunidades, nas suas mais diversas formas de organização. Sabe-se que, por motivos diversos, a transgressão e o desrespeito em espaços do Ensino Superior é um fenômeno que se agrava, tendo muitas vezes a mulher como vítima.

Enfrentá-lo é tarefa urgente, com o enquadramento legal dos delituosos – o que nem sempre acontece – e a criação de um ambiente propício a mudanças culturais, que exigem a responsabilização de todos, alunos e professores. A universidade deve, ao contrário do que mostra a pesquisa, ser um lugar de disseminação de modelos de conduta para todos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NAS UNIVERSIDADES



ZERO HORA 03/12/2015 - 12h35min


Quase 70% das mulheres já sofreram violência em universidades, mostra pesquisa. Levantamento ouviu 1,8 mil acadêmicos, das cinco regiões do país


Por: Fernanda da Costa, de São Paulo*





Quando alunas de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) decidiram denunciar abusos sexuais nos ambientes universitários, no final do ano passado, não estavam apenas rompendo anos de silêncio, mas escancarando ao país que a cultura do estupro também impera no Ensino Superior. Em uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira, quase 70% das universitárias afirmaram já terem sofrido algum tipo de violência em espaços acadêmicos.

Encomendado pelo Instituto Avon ao Data Popular, o levantamento ouviu 1.823 universitários das cinco regiões todo o país, sendo 60% mulheres. Das entrevistadas, 67% já sofreram algum tipo de violência (sexual, psicológica, moral ou física) no ambiente universitário. Entre os homens, 38% dos estudantes admitiram já ter praticado pessoalmente de algum tipo de violência contra mulheres em espaços acadêmicos. Diferentemente da violência doméstica, em que a Lei Maria da Penha tipifica todos os casos, o grande problema da violência de gênero nas universidades é que ela não está clara nem para quem sofre como para quem comete, segundo a presidente do Conselho do Instituto Avon, Alessandra Ginante.


Na pesquisa, apenas 10% das mulheres afirmaram espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência no ambiente acadêmico. No entanto, quando foram questionadas se sofreram itens de uma lista de violências, o número saltou para 67%. No caso dos homens, apenas 2% admitiram de forma espontânea ter cometido algum ato de violência. Questionados a partir de uma lista de situações violentas, 38% deles reconheceram ter praticado as ações.

— Um dos valores que a pesquisa tem é tipificar esses tipos de violência, que precisam ser combatidos — completou Alessandra.

O presidente do Data Popular, Renato Meirelles, acrescenta que o levantamento mostrou que a desigualdade de gênero não está ligada com a desigualdade social:

— Os muros da universidade não são impermeáveis ao machismo da sociedade brasileira. A violência contra a mulher não está ligada à desigualdade social, não ocorre apenas em meios de menor escolaridade — explica.


A violência de gênero nesse meio, conforme Renato, é o "berço das desigualdades sociais". São os homens formados nas universidades que perpetuarão a desigualdade de remunerações, quando forem empregadores.

A pesquisa também mostrou que situações de violência sexual — como ter o corpo tocado sem consentimento, sofrer tentativa de abuso por estar sob efeito de álcool ou droga, ser forçada a beijar outro aluno ou ser coagida a ter relação sexual sem consentimento — foram sofridas por 28% das entrevistadas. Em festas acadêmicas, 11% delas afirmaram que já sofreram tentativa de abuso por estarem sob efeito de álcool. Entre os alunos, 27% disseram não considerar violência contra a mulher tentar abusar dela se estiver alcoolizada.


Já os casos de assédio sexual — como cantadas ofensivas e comentários de natureza sexual de alunos ou professores — foram relatados por 56% das alunas.

— Não são só os alunos. Um professor me trazia presentinhos toda aula e começou a mandar mensagem pelo celular. No dia da prova, ele sentou do meu lado e meu deu a prova mais fácil, fez de tudo pra eu entender que aquilo era um favor. Tipo... Que ele ia cobrar — afirmou uma menina aos entrevistadores.

As agressões morais ou psicológicas — ser humilhada ou ofendida por professores ou alunos, ter fotos ou vídeos repassados sem autorização ou ser colocada em "rankings" sexuais — foram sofridas por 52% das entrevistadas. As ofensas foram relatadas por 28% das alunas, figurar em "rankins" por 24% e ter fotos ou vídeos vazados por 14% delas.

A pesquisa também mostrou que 10% das mulheres sofreram violência física nos ambientes acadêmicos. — Num trote, veteranos me abordaram, me pediram para beijar um deles. Com a minha negativa, disseram que se eu não beijasse, deveria tirar meu sutiã e dar a eles. Neguei também, e começaram a me bater. Bater mesmo, com socos, e jogaram tinta no meu corpo inteiro, rasgaram meus cadernos e saíram. Ao mesmo tempo, outros veteranos abordaram uma colega, e queriam obrigá-la a tomar um copo de pinga. Como ela se negou, jogaram a bebida nos olhos dela. Isso tudo em frente à faculdade — relatou outra acadêmica durante a pesquisa.

Casos de coerção — ser coagida a tomar bebida alcoólica, ser drogada sem consentimento ou ser coagida a participar de atividades degradantes, como "desfiles" ou "leilões de mulheres" — foram vividos por 18% das alunas. Entre as entrevistadas, 12% foram forçadas a ingerir álcool e 11% obrigadas a participar de ações degradantes, situações frequentes em trotes. Dos homens, 35% não consideraram a coerção uma forma de violência.

Os casos frequentes fizeram com que 42% das alunas sentissem medo da violência nos ambientes universitários e 36% delas já deixaram de fazer alguma atividade acadêmica por isso. O levantamento ainda mostrou que 49% das alunas já foram desqualificadas intelectualmente no ambiente universitário por serem mulheres, com piadas ou sátiras de gênero. O levantamento mostrou também que, embora dois terços das alunas sofreram violência, 63% não reagiram. A maioria delas, por medo de ser exposta (61%). Das que contaram, um terço sofreu represálias, como ser hostilizada, ficar isolada ou ser exposta na universidade. — É preciso pensar uma solução para esse problema que passe pela responsabilização de todos os componentes da comunidade acadêmica — afirmou Renato.

Como foi feita a pesquisa

Dos ouvidos pelo levantamento, 76% estudam em instituições privadas e 24% em universidades públicas. Já a faixa etária da maioria entrevistados varia de 16 e 25 anos (51%) e 26 a 35 anos (35%). Eles responderam a um questionário online sobre temas como violência contra a mulher na sociedade, no ambiente universitário, atitudes consideradas violentas e a postura das instituições diante desses casos. Já as classes econômicas predominantes dos entrevistados são a média (53%) e a alta (36%).

Os dados apresentados são quantitativos e a qualitativos. Os quantitativos foram coletados exclusivamente via questionário online. Já os qualitativos contam com depoimentos online e presenciais, por meio de debates com dois grupos de discussão (um para mulheres e outro para homens). Esses índices também são frutos de entrevistas com seis pesquisadores de violência contra a mulher e coletivos feministas.

O Fórum Fale sem Medo

A pesquisa foi apresentada durante o Fórum Fale sem Medo, que ocorre em São Paulo. Criado pelo Instituto Avon, o evento é realizado há três anos e pontua a agenda nacional da campanha mundial "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres". Até o ano passado, o encontro reunia apenas formadores de opinião e especialistas. Este ano, teve as portas abertas ao público.

*A repórter viajou a São Paulo a convite da organização do evento

sábado, 10 de outubro de 2015

PRECONCEITO NAS UNIVERSIDADES

REVISTA ISTO É N° Edição: 2393 | 09.Out.15 - 20:00


Pichações racistas, homofóbicas e machistas se espalham por instituições e expõem a violência simbólica em locais que deveriam ser o centro da luta contra a intolerância


Camila Brandalise


Quem nos últimos dias entrou em um dos banheiros masculinos da faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, se deparou com uma inscrição surpreendentemente ofensiva assim que fechou a porta. “Lugar de negro não é no Mackenzie, é no presídio.” Uma manifestação de racismo lamentável se vista em qualquer lugar, quem dirá em um ambiente que, em sua essência, deveria prezar pela pluralidade. A instituição abriu uma sindicância para apurar o autor da pichação, que receberá uma “punição exemplar”, segundo o chanceler Davi Charles Gomes. “É um tipo de violência simbólica que não pode ser tolerada, não vamos deixar crescer e repudiamos como instituição”, afirma Gomes. Infelizmente, esse não é um caso isolado. Pichações, cartazes e escritos de cunho racista, homofóbico e machista têm aparecido com frequência nas paredes e portas das instituições de ensino superior, um ambiente onde o diálogo deveria ser constante.


RACISMO
Acima, inscrição ofensiva no Mackenzie. Abaixo, o professor da Unesp,
Juarez Tadeu de Paula Xavier foi vítima de uma pichação (acima) na universidade



Em julho, um episódio parecido aconteceu na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru. Dessa vez, porém, uma das inscrições se dirigia ao professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, chefe do departamento de Comunicação Social e coordenador do Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão (Nupe). “Juarez macaco” e “Unesp cheia de macacos fedidos” foram algumas das frases escritas nas portas de um banheiro masculino. Xavier vê na política de cotas instituída pela Unesp o gatilho para esses casos. “Agora, mais importante do que a punição é criar mecanismos para superação, como inserir no currículo a prática de acolher os cotistas e informar aos outros alunos que essa não é uma concessão de privilégio, mas garantia de direito”, afirma Xavier.

Na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o crime foi de homofobia. Em junho, mais uma vez as portas de um banheiro masculino foram tomadas por frases ofensivas, episódio diretamente ligado à criação de um grupo, dentro da instituição, para promoção de informações sobre diversidade sexual e de gênero, o Prisma. Preconceito latente em diversos grupos sociais, a homofobia é uma constante também no ambiente universitário. “Temos a crença de que a universidade vai formar cidadãos, mas não é automático”, afirma o professor e pesquisador Angelo Brandelli Costa, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Costa conduziu uma pesquisa que mostrou que 88% dos alunos da instituição tem algum grau de homofobia ou transfobia. “Precisamos incluir questões de direitos humanos no currículo, caso contrário, o preconceito vai se perpetuar.”



Na trinca das minorias, além de negros e LGBT´s, sobraram ofensas também às mulheres. Em maio, alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) espalharam cartazes machistas e cheios de palavrões pelos corredores. “Houve um caso de estupro entre alunos da universidade, mas foi externo, e um grupo de mulheres espalhou inscrições pedindo mais respeito às alunas”, diz a estudante de Ciências Sociais Jhenifer Batista, 22 anos, do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A resposta veio com as ofensas misóginas mostradas nesta página, na foto acima, à esquerda. “O número de coletivos que se organizaram nas universidades pelo direito das minorias, não só de mulheres, aumentou e causou uma reação nos mais preconceituosos, que percebem esse avanço, se sentem agredidos e começam a provocar”, afirma Antônio de Almeida Jr., pesquisador do Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos (Diversitas) da Universidade de São Paulo (USP). Que se crie, então, uma disciplina para ensinar a esses estudantes o que eles ainda não aprenderam: a respeitar.






terça-feira, 24 de março de 2015

COMUNIDADE UFRGS PEDE POLICIAMENTO ENTORNO DO CAMPUS


Estudantes da UFRGS lançam mapa sobre segurança DCE UFRGS/Reprodução
ZERO HORA 24 de março de 2015 | N° 18111

DÉBORA ELY



PEDIDO DE SEGURANÇA. Abaixo-assinado cobra policiamento na UFRGS



PETIÇÃO ONLINE DE ALUNOS da universidade reclama de furtos e roubos nas proximidades do campus central e deve ser entregue às autoridades

A insegurança no entorno do campus Centro da UFRGS, em Porto Alegre, motivou a criação de uma petição online que, em menos de 24 horas, colheu mais de 3 mil assinaturas. Idealizado por alunas da Faculdade de Direito, o abaixo-assinado será entregue a autoridades para cobrar reforço do policiamento.

Vinte dias após a volta às aulas, assaltos têm alarmado quem precisa ir à universidade para estudar ou trabalhar. Criadora da petição no site Avaaz – comunidade de abaixo-assinados online –, a estudante Juliana Colombelli Candido, 18 anos, é, também, uma das idealizadoras da página Ocorrências – Campus Centro UFRGS, no Facebook, na qual alunos compartilham casos de roubo.

A petição concluída ontem não é a primeira aberta pelas jovens. Em março de 2014, Juliana e três amigas colheram, de sala em sala, mais de mil nomes em um abaixo- assinado que foi entregue à Brigada Militar (BM). A corporação pediu que elas auxiliassem no mape-amento das ocorrências, que muitas vezes não são registradas.

As estudantes passaram a trocar mensagens com o 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que atende a área, informando onde e quando crimes denunciados no Facebook ocorreram. A parceria surtiu efeito com viaturas nos pontos mais perigosos. Em 2015, porém, os alunos notaram a queda no policiamento.

– O esforço foi em vão. Retiraram as viaturas e a criminalidade voltou com força – diz Juliana.



Patrulha menor nas férias, diz BM


O major Júlio Cesar de Ávila Peres, do 9º BPM, atribui a redução do patrulhamento no entorno da área às férias da universidade e à concentração de c=rimes na Redenção – no dia 9, uma universitária de 21 anos foi estuprada por dois homens no parque quando voltava de uma aula. Conforme Peres, a queda no policiamento não tem relação com o corte de horas extras imposto pelo governo do Estado:

– Temos usado efetivo administrativo para suprir a carência das ruas, fechando o quartel em algum turno do dia. Isso (casos de roubos no entorno da UFRGS) sempre existiu pela proximidade com o Centro. Como agora voltaram as aulas, a questão é retomar (o reforço do policiamento).

As estudantes que organizaram a petição irão entregá-la à reitoria da UFRGS, à prefeitura da Capital, ao governo estadual e à BM.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Parabenizo os organizadores da petição, pois só assim as autoridades são coagidas a cumprir o seu poder-dever de agir na  garantia do direito à segurança pública. Aplausos para os alunos do Direito, para a estudante Juliana e para a Coordenadoria de Segurança da UFRGS pelas iniciativas em prol da segurança da comunidade universitária. Não deixem cair este objetivo e mantenha a chama acesa pressionando as autoridades competentes.