domingo, 17 de junho de 2012

IMPASSSE NAS FEDERAIS

OPINIÃO O Estado de S.Paulo - 17/06/2012

A greve das universidades federais, que paralisa as atividades de graduação e pós-graduação de 55 das 59 instituições de ensino superior da União, completa o primeiro mês com um impasse e um incidente.

O impasse foi causado pelo fracasso da última reunião entre representantes do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) e da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, realizada em Brasília. Depois de mais de três horas de discussões, o governo pediu uma trégua de 20 dias para apresentar um novo projeto de carreira para os professores, mas a proposta foi rejeitada. O governo quer adotar um plano de cargos e salários semelhante ao dos servidores da área de ciência e tecnologia e tem pressa em chegar a um acordo. O Palácio do Planalto teme que a greve se espalhe para outros setores do funcionalismo público, justamente num ano eleitoral. Os grevistas, contudo, acusam os Ministérios do Planejamento e da Educação (MEC) de insistir em diretrizes que já foram recusadas pelo Andes há pelo menos um ano e meio.

Já o incidente ocorreu no câmpus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Protestando contra a superlotação das salas de aula e a falta de um mínimo de infraestrutura, os estudantes invadiram as dependências da diretoria acadêmica e 26 foram presos, depois de um confronto com a Polícia Militar (PM). Eles foram levados à sede da Polícia Federal e indiciados pelos crimes de dano ao patrimônio e constrangimento ilegal.

Os líderes estudantis acusam os dirigentes da Unifesp de terem chamado a tropa de choque. Mas, vinculados ao PT e não querendo criar problemas políticos para o ex-ministro Fernando Haddad, candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, os dirigentes alegaram que a PM teria ido ao câmpus de Guarulhos por "conta própria". A informação foi desmentida pela PM. Segundo o alto comando, foi o setor de segurança da Unifesp que pediu providências para preservar o patrimônio da instituição. Uma semana antes, os dirigentes da Unifesp haviam pedido à Justiça que convocasse a PM para promover a reintegração de posse, autorizada pela Justiça, das dependências da diretoria acadêmica em Guarulhos.

Os professores das universidades federais têm duas reivindicações. A primeira é a exigência de um novo plano de carreira docente. A segunda reivindicação está diretamente atrelada aos seis anos em que Haddad esteve à frente do MEC. Durante sua gestão, foram criadas 14 novas universidades e autorizada a ampliação de muitos campi já existentes. A expansão da rede federal de ensino superior foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Lula e de sua candidata, Dilma Rousseff, no pleito de 2010.

O problema é que quase todas as universidades inauguradas com muita pompa e comício, por Haddad e Lula, estão ocas até hoje. "As condições de trabalho não acompanharam a expansão. Faltam bibliotecas, prédios, professores em número adequado. O ambiente de aprendizado está com prometido", afirma Marina Barbosa, presidente do Andes - entidade que durante anos esteve sob o controle do PT. Esse também é o entendimento dos especialistas em educação. "A política de expansão acelerada não obedeceu a nenhuma avaliação cuidadosa sobre prioridades, abrindo instituições onde não havia demanda, admitindo alunos antes de existirem edifícios e instalações adequadas, forçando as universidades a criar cursos noturnos e contratar mais professores, mesmo quando não havia candidatos qualificados, e sem preparar as universidades para lidar com alunos que chegavam do ensino médio cada vez menos preparados", diz Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

A última greve dos professores foi em 2005, ano em que começou a expansão da rede de universidades federais. Sete anos depois, o setor está em crise e não há sinais de que será uma crise de breve duração. Pelo contrário, os docentes acabam de receber o apoio dos técnicos da educação federal - uma categoria que cruzou os braços por mais de cem dias, em 2011.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

PM INVADE CAMPUS DA UNIFESP E PRENDE ALUNOS





















PM invade campus da Unifesp em São Paulo e prende 26 alunos . Jovens protestavam contra falta de recursos. Uma estudante foi baleada no rosto.

Marcio Allemand
Bom Dia Brasil
Globo News - 15/06/12

SÃO PAULO - Os 26 alunos presos após um confronto com a Polícia Militar durante uma manifestação, que começou no final da tarde desta quinta-feira em frente à reitoria do campus Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), prestam depoimento na manhã desta sexta-feira, no auditório da Superintendência da Polícia Federal, na zona oeste da capital. Do lado de fora do prédio da Polícia Federal, cerca de 50 alunos e pais de estudantes protestam, em solidariedade aos alunos detidos, e pedem que o grupo seja solto.

Segundo o advogado que representa os universitários, Sérgio Augusto Oliveira, eles devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, pichação de área verde e dano ao patrimônio. Após depoimentos, eles podem ser liberados ou transferido para a carceragem da PF.

Os estudantes protestavam contra a falta de recursos, a infraestrutura precária e a superlotação das salas de aula, quando a PolÍcia Militar invadiu o campus da universidade, em greve há 70 dias, e deu início ao confronto.

De acordo com Sólon Cruxen, pai de Laisy Cruxen, aluna do curso de Letras e que participava da manifestação, uma estudante não identificada foi atingida por uma bala de borracha na perna esquerda. Segundo um plantonista da Polícia Federal, a aluna recusou atendimento porque queria garantir a realização do exame de corpo de delito.

A PF afirma que o emprego da força foi na medida necessária para garantir a ordem. Foram usados bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Os alunos acusam a direção da universidade de ter chamado a PM, e reclamam da ação dos policiais militares. Segundo os estudantes, os policiais já chegaram agredindo os alunos.

A assessoria da Unifesp informou que a instituição não chamou a polícia e disse que o grupo de estudantes é o mesmo que ocupou a universidade no fim de março. Já a PM informou que precisou reagir porque o grupo atirou objetos contra os policiais.


COMENTÁRIO BENGOCHEA - Este fato prova o tamanho do abandono da segurança universitária federal de parte do Governo Federal e da Polícia Federal em todo o Brasil. Sei disto porque fui coordenador de segurança da UFRGS, com status de pró-reitor. Existem circunstâncias e dificuldades próprias tanto das Universidades Federais como da Polícia Federal a quem cabe a competência policial nos delitos que ocorrem dentro dos campus universitários federais. A Polícia Federal deveria intervir e buscar nas Reitorias a construção do plano situacional de segurança universitária, onde o papel a PF teria um papel importante no recrutamento, na formação, na capacitação, no treinarmento e no acompanhamento das coordenadorias de segurança, colocando em alerta suas equipes protas para a contenção de casos como este ocorrido na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos. A PM não tem competência para atuar dentro dos Campus e sua ação depende da autorização expressa da Reitoria, o que só é aconselhável em casos de urgência ou iminente ocorrência de crime ou grave subversão da ordem.


PM ENTRA EM CONFRONTO COM UNIVERSITÁRIOS DENTRO DA UNIFESP

PM detém 27 alunos da Unifesp em Guarulhos Houve confronto e, de acordo com os universitários, a polícia utilizou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Agência Estado, 15/06/2012 07:25

A Polícia Militar deteve 27 alunos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos, na noite desta quinta-feira, após uma assembleia estudantil. O grupo será conduzido até a Superintendência da Polícia Federal, na Lapa, zona oeste da capital, para prestar depoimento. Durante a ação policial, uma estudante detida sofreu um ferimento na perna e foi levada ao pronto-socorro.

A PM diz que foi acionada pela diretoria acadêmica porque os estudantes estavam depredando e pichando o câmpus. Alunos ouvidos pela reportagem negam e dizem que o quebra-quebra só começou após os policiais prenderem uma colega. Houve confronto e, de acordo com os universitários, a polícia utilizou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

"Foi uma ação extremamente violenta", afirma uma estudante, que preferiu não se identificar. "Os presos foram revistados na parte de trás do prédio, um lugar escuro. E os policiais esconderam a identificação." A estudante ferida deu entrada na Policlínica Alvorada, em Guarulhos. Segundo uma funcionária do estabelecimento, a garota disse que uma bomba estourou perto dela. A aluna não deixou ninguém tocar na lesão, porque queria fazer exame de corpo de delito. Ela foi liberada e saiu acompanhada de policiais para depor à PF.

De acordo com um universitário, após a assembleia os estudantes se concentraram em frente à sala do diretor acadêmico, Marcos Cezar de Freitas, para fazer um "ato pacífico". Freitas teria se sentido acuado e chamou os policiais. "A PM já chegou nos acuando. Quando prenderam uma menina, dando uma chave de braço, o pessoal se revoltou e aconteceu o confronto e o quebra-quebra." Todos os 27 detidos terão de depor na PF. Os policiais também deverão ser ouvidos. O trabalho ocorre nesta madrugada e a PF fará uma perícia na Unifesp, para avaliar o dano causado ao patrimônio.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este fato prova o tamanho do descaso para com a segurança universitária federal por parte do Governo e da Polícia Federal em todo o Brasil. Sei disto porque fui coordenador de segurança da UFRGS, com status de pró-reitor. Existem circunstância e dificuldades próprias tanto das Universidades Federais como da Polícia Federal a quem cabe a competência policial nos delitos que ocorrem dentro dos campus. As Reitorias deveriam buscar na PF a construção do plano situacional de segurança universitária, recrutar, formar, capacitar, treinar e acompanhar as coordenadoria de segurança, intervindo com suas equipes de contenção nos casos como este ocorrido na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos. A PM não tem competência para atuar dentro dos Campus e sua ação depende da autorização expressa da Reitoria, o que só é aconselhável em casos de urgência ou iminente ocorrência de crime ou grave subversão da ordem. O problema é que a PM é a geni, um instrumento para toda ordem pronto para conter todo e qualquer delito, em especial aquele onde os outros órgãos falham. Não é a toa que responde por isto.