quarta-feira, 26 de março de 2014

CONFUSÃO APÓS PRISÃO DE ALUNO NA UFSC


ZERO HORA 26 de março de 2014 | N° 17744

CAMPUS DA UFSC. Confusão após prisão de aluno

Estudante teria sido flagrado fumando maconha, o que gerou protesto da comunidade acadêmica



Um tumulto entre estudantes e policiais federais e militares tomou conta do campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na tarde de ontem, e terminou com a invasão da reitoria por parte dos alunos. O motivo da confusão foi a prisão de um estudante de Geografia que teria sido flagrado fumando maconha no bosque da universidade, localizado entre o planetário e o Centro de Filosofia e Humanas (CFH).

Orapaz ficou detido dentro do carro da Polícia Federal (PF), o que gerou grande mobilização de estudantes e também de professores. Mais de 300 membros da comunidade acadêmica se manifestaram contra a prisão ao cercarem o carro da polícia e impedirem a saída do veículo do campus.

Gritos de “Fora PM no campus” ecoaram pelo bosque onde aconteceu a confusão. Uma professora teria subido em cima do capô do carro da PF e dito: “Ninguém vai sair daqui”.

A reação da Polícia Militar ocorreu por volta das 17h40min, com a chegada da tropa de choque. Uma das autoridades da UFSC tentou negociar, propondo que o estudante de Geografia – que estaria portando cinco cigarros de maconha – fosse à delegacia no carro da UFSC e assinasse um termo circunstanciado. Os estudantes aceitaram, mas disseram que só deixariam o local com o colega solto.

A tropa de choque esteve presente com 10 policiais militares, além de outros seis PMs do patrulhamento de área. Depois de jogar gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral em estudantes e professores da UFSC, o grupamento deixou o campus por volta das 18h.

PF à paisana teria abordado estudantes dentro do campus

O amigo do estudante de Geografia preso pela Polícia Federal contou à reportagem que os dois estavam com outros dois colegas quando foram abordados por três policiais federais à paisana. Os quatro alunos estavam sentados atrás do CFH.

De acordo com o aluno de ciências sociais, o grupo não estava fumando maconha. O rapaz disse que o amigo, que foi detido, estava com uma quantidade pequena da erva, o que renderia cerca de cinco cigarros.

Ele contou que os policiais revistaram as mochilas e, quando encontraram a maconha, levaram o estudante de Geografia para o bosque da UFSC. Uma viatura descaracterizada da PF estava estacionada no bosque, conforme relato do amigo do estudante preso. A confusão teria começado em seguida, quando o aluno foi conduzido até a viatura.


Em protesto, houve ocupação da reitoria


Centenas de estudantes ocuparam a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na noite de ontem. Após montarem uma barricada na frente do edifício, eles aguardaram por um encontro com a reitora, Roselane Neckel, com a qual tentam um acordo para que não haja mais policiais no campus.

– Só sairemos daqui quando conseguirmos um documento que nos garanta isso – disse a estudante de psicologia Gabriela Celestino, uma das primeiras a ocupar o prédio.

Por meio da assessoria de imprensa, a UFSC disse que desconhecia a ação policial no campus e que a partir de hoje irá investigar o caso.

Cinco estudantes foram levados para a sede da PF para prestar depoimento a respeito do tumulto. O grupo foi preso em flagrante – por motivo não confirmado. Eles chegaram à PF por volta de 18h40min.


Contrários à detenção de um aluno, estudantes viraram viaturas da polícia e acuaram a tropa de choque; depois, houve novos protestos

Um comentário:

  1. O mais irônico de tudo é que estes futuros profissionais, médicos, engenheiros, advogados etc., como listou o colega acima serão os primeiros a temerem pela segurança de seus filhos nas cidades em que viverão, dentro e fora de condomínios fechados concluindo que "o mundo piorou" e sem nem perceber que o resultado por eles encontrado não terá sido outro senão o que ajudaram a semear lá atrás. É impressionante como são incapazes de estabelecer uma relação de causa e efeito entre os fatos e muito disto, sei porque sou professor, se deve aos pais (sim sim, a cultura das famílias) que não os orientou sobre o efeito ruim de certas ações, de como ser recompensado por uma atitude correta etc. Eu conheço vários pais assim, gente simpática, mas incapaz de perceber que um não, vez ou outra, significa mais amor, apreço e cuidado por seus filhos do que ceder sempre à primeira cara de choro. Claro que há outros fatores sociais envolvidos, mas este, da cultura intergeracional só é lembrado na hora de se pagar o analista e não quando formuladores de leis e políticas sobem ao palanque. Por quê? Porque ser desagradável, porém verdadeiro não rende votos. E também porque nossa população ainda nutre a esperança de um "salvador da pátria" após cada eleição, ao invés de buscar reformular o legislativo. Parte do mal deste sistema advém da obrigatoriedade do voto, onde qualquer um sem consciência em quem deve votar e sem vontade e fé para mudar, aceita eleger qualquer um, antigamente por camisetas e bonés, em alguns lugares por sapatos, mas hoje por bolsas isso e aquilo para pagar a TV a cabo. Este é o sistema e nós podemos mudá-lo fazendo uso deste instrumento, a internet e repetindo repetindo o que dizemos até nos tornarmos chatos. Não será melhor para mim ou para ti este Brasil, talvez mais ou menos para meu filho, mas seguramente será melhor para meus netos. Por isto eu digo, não me importa que me acusem de ser 'chato', a defesa de nossas liberdades tem que vir acompanhada da defesa de nossas responsabilidades. Direitos sim, mas com Deveres.

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