sexta-feira, 5 de setembro de 2014

UNIVERSITÁRIO CRIARÃO MAPA DA VIOLÊNCIA NO ENTORNO DA UFRGS

DIÁRIO GAÚCHO 04/09/2014 | 18h34

Levantamento será feito com base em relatos de alunos vítimas de crimes



Iniciativa deve começar pelo Campus CentroFoto: Félix Zucco / Agencia RBS


Eduardo Rosa



A preocupação com crimes no entorno da UFRGS motivou a elaboração de um levantamento de ocorrências cujas vítimas são alunos. O Diretório Central de Estudantes (DCE) trabalha na criação de um mapa compilando relatos de violência nos campi Centro e do Vale e suas imediações. A ideia é que sirva não apenas como alerta, mas embase ações preventivas.

— Os dados serão levados à Coordenadoria de Segurança da UFRGS e à Brigada Militar. Estamos fazendo o estudo da plataforma — afirma Vítor Neves da Fontoura, diretor jurídico do DCE, citando como exemplo uma iniciativa semelhante da Universidade de Brasília (UnB).

O mapa deve começar pelo Campus Centro, onde um grupo de alunas da Faculdade de Direito criou uma página no Facebook, há cerca de um mês, reunindo casos de assaltos e outros crimes sofridos por universitários, que devem servir como base. A iniciativa das jovens surgiu após contato com o 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela região, e se somou a um abaixo-assinado com cerca de mil assinaturas para demonstrar clamor público. Na página Ocorrências — Campus Centro UFRGS, as vítimas enviam relatos, que são repassados à Brigada Militar por WhatsApp.

— As pessoas nos mandam por mensagem privada. Recebemos cerca de quatro por dia. Também publicamos alertas — conta Lara Amaro, uma das acadêmicas de Direito que administram a página.


O resultado da parceria foi a intensificação do policiamento na região e o aumento no número de prisões, conforme o comandante da 3ª Companhia do 9º BPM, major Julio Cesar de Ávila Peres.

— Conversamos com os estudantes e vimos os pontos prioritários de policiamento. Eles nos passam informações que facilitam o trabalho — afirma o oficial.

O coordenador de Segurança da UFRGS, Daniel Pereira, salienta:

— A iniciativa é válida, demonstra a indignação das pessoas. Mas seria importante que elas registrassem ocorrência através dos órgãos oficiais, que é o que gera demanda. No portal do aluno e do servidor, disponibilizamos um espaço para fazer registro dos episódios. A universidade tem interesse em saber o que está acontecendo.

O levantamento feito por alunos não chega a ser uma ação inédita na UFRGS. No ano passado, estudantes eram convidados a responder na internet questões como de qual crime foram vítimas, o horário e se foi registrada ocorrência.

— Como comentavam bastante nas redes sociais assaltos e tentativas perto da Engenharia, resolvemos criar uma planilha de respostas, com um levantamento estatístico, para que fossem tomadas as medidas cabíveis — conta William Dutra, diretor financeiro do Centro de Estudantes Universitários de Engenharia (Ceue).

O mapa em estudo pelo DCE ainda não tem previsão de ser lançado.

Promotor de Justiça ressalta importância do registro policial

Mesmo que haja um mapeamento paralelo às estatísticas oficiais, as vítimas de assalto e outros crimes devem registrar ocorrência policial. O promotor de Justiça João Pedro de Freitas Xavier, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público, explica que os dados são fundamentais para formulação de estratégias de prevenção, investigação e repressão ao crime.

— Existe uma cifra negra de casos não registrados. É importante que a população atingida pela criminalidade procure as autoridades e que o B.O. tenha a maior fidelidade possível, juntando o máximo de informações, como local exato da ocorrência, horário, possíveis testemunhas, características do suspeito etc. Com isso, é possível a identificação e correção de fragilidades, aperfeiçoando-se a persecução penal, viabilizando, ainda, o encaminhamento de outras medidas simples, como melhoria na iluminação pública e poda de árvores — ressalta o promotor. — A impunidade começa no momento que nós, vítimas ou testemunhas, nos omitimos — acrescenta.


Universidade de Brasília (UnB) conta com mapa sobre segurança


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