terça-feira, 12 de novembro de 2013

DANOS, FURTO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA NA OCUPAÇÃO DA USP


Dois alunos são presos durante reintegração de posse na USP. Segundo delegado, eles devem ser indiciados por danos, furto e formação de quadrilha; diretora do DCE nega furto


Victor Vieira - O Estado de S. Paulo. 
12 de novembro de 2013 | 10h 08

Werther Santana/Estadão
Pichação e sujeira no interior da reitoria

SÃO PAULO - Dois estudantes foram presos no começo da manhã desta terça-feira, 12,após a reintegração de posse da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) feita pela Tropa de Choque da Polícia Militar. De acordo com a Polícia Civil, os manifestantes foram detidos durante tentativa de fuga do prédio e devem ser indiciados por danos e furto ao patrimônio público, além de formação de quadrilha.

Os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição João Vítor Gonzaga Campos, de 27 anos, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, de 23 anos, foram levados ao 93º Distrito Policial (Jaguaré) e podem ser transferidos ainda nesta terça para a delegacia de trânsito. A Polícia Militar não tem registro de detidos durante a reintegração de posse.

"A manutenção dos dois na prisão depende do Judiciário, mas nosso entendimento é de que houve graves prejuízos ao patrimônio público", afirma o delegado titular do 93º DP, Celso Lahoz Garcia. Segundo ele, outros estudantes podem ser detidos por envolvimento nos supostos furtos e depredações. Um inquérito foi instaurado em 1º de outubro, início da ocupação da reitoria da USP, para apurar eventuais ilegalidades nas manifestações. Pelas redes sociais, alunos combinam ir ao 93º DP para pressionar a polícia pela liberação dos dois detidos.

Além da perícia policial, funcionários da reitoria vistoriaram o prédio na manhã desta terça. Entre os objetos desaparecidos, de acordo com a polícia, estão computadores, celulares e troféus históricos da instituição. Segundo a assessoria de imprensa da USP, há paredes pichadas, mesas reviradas e portas arrombadas dentro do imóvel. Os maiores danos estão no andar térreo do imóvel, onde os manifestantes se concentravam.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o levantamento dos policiais indica que 30 alunos se revezavam no prédio nos últimos dias. Já o Diretório Central dos Estudantes afirma que centenas de manifestantes dormiram dentro da reitoria no último dia de ocupação.

Saída dos alunos. Os universitários que ocupavam a reitoria não ofereceram resistência durante a ação do 2º e 3º Batalhões de Choque da PM. A estudante de Letras e diretora do DCE, Arielli Tavares, de 23 anos, afirma que todos já haviam saído do prédio quando a Tropa de Choque da PM chegou ao local. O grupo de manifestantes foi avisado por colegas, que faziam vigília em vários pontos do câmpus Butantã para alertar sobre a entrada dos policiais na Cidade Universitária.

Arielli também contesta a acusação sobre furtos. "A orientação do movimento, desde o início, era de zelo ao patrimônio público", garante. "Além disso, a vistoria deveria ser feita com a participação de alunos", afirma. De acordo com ela, o pedido da reintegração de posse na Justiça e ação dos policiais mostram que a administração da USP tem pouco abertura para o diálogo. "A reitoria não marcou outro encontro de negociação desde a semana passada", diz. O recurso do DCE contra a decisão que autoriza a reintegração de posse foi negado pela Justiça.

Protesto nas ruas. Na tarde desta terça-feira os alunos da USP planejam novo ato, com concentração na Praça do Ciclista a partir das 16h. O grupo reivindica eleições diretas na universidade, pauta que motivou a ocupação da reitoria, e protesta contra a truculência policial no câmpus.

A Assessoria de Imprensa da USP informou que não serão feitos novos encontros de negociação entre alunos e reitoria e que o DCE deve ser responsabilizado, em processo administrativo, pelos prejuízos à universidade.




Tropa de Choque cumpre ordem de reintegração de posse da reitoria da USP. Há poucos alunos no local e não houve conflito, segundo a polícia, que iniciou operação no fim da madrugada

12 de novembro de 2013 | 6h 30

O Estado de S. Paulo




Werther Santana/Estadão
Polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio

SÃO PAULO - A Tropa de Choque da Polícia Militar cumpriu na manhã desta terça-feira, 12, a ordem de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada desde 1º de outubro. Segundo a corporação, há poucos alunos no local e não houve confronto. A operação teve início às 5h30.

Após a desocupação, a polícia iniciou uma perícia para avaliar danos ao prédio.

A Justiça determinou a reintegração de posse na segunda-feira, 4. O desembargador Xavier de Aquino, da 2ª Câmara de Direito Público de São Paulo, disse que a ocupação da reitoria atrapalhava "o bom andamento da universidade". Em assembleia na quarta-feira, 6, os alunos decidiram permanecer no prédio.

A reitoria foi invadida depois de o Conselho Universitário da USP ter rejeitado as eleições diretas para reitor e vice-reitor. A eleição direta é a principal demanda dos estudantes.



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