Zero Hora constatou que a violência fez parte da rotina dos estudantes a partir do momento que colocam os pés para fora dos campi
Por: Caetanno Freitas e Humberto Trezzi
14/12/2015 - 02h01min
Roubos, furtos, tráfico de drogas, arrastões, sequestro-relâmpago, agressões e até mesmo latrocínio. Todos esses crimes fizeram parte da rotina de estudantes universitários de Porto Alegre e Região Metropolitana no último período letivo. Foi o que constatou Zero Hora ao percorrer, durante três noites, o entorno dos campi da UFRGS, PUCRS, UniRitter e Unisinos. Alunos relataram diversas situações de perigo, áreas desprotegidas e mal iluminadas. São casos graves, que merecem mais atenção das instituições de ensino e órgãos de segurança pública para o próximo semestre. Clique na imagem abaixo e confira a reportagem especial:
INSEGURANÇA
Violência vira rotina no entorno das faculdades e até dentro dos campi da Região Metropolitana de Porto Alegre
Reportagem: Caetanno Freitas e Humberto Trezzi
Edição: Rafael Balsemão
Imagens: André Ávila, Adriana Franciosi, Carlos Macedo, Lauro Alves e Bruna O'Donnell Ayres
Escuridão, medo e assaltos fizeram parte do cotidiano dos principais campi universitários da Região Metropolitana de Porto Alegre ao longo do ano. Foi o que constatou Zero Hora ao ouvir dezenas de estudantes e percorrer, durante três noites, no último semestre, as maiores universidades do principal núcleo urbano gaúcho. De cada 10 pessoas entrevistadas, pelo menos duas admitiram ter sido roubadas ou assistido a ataques de ladrões. Os alunos viraram uma espécie de caixa-rápido para os assaltantes.
Ao fim de mais um período letivo, os relatos evidenciam um problema sério e muito grave, que deve ser enfrentado com mais veemência no próximo semestre pelas instituições de ensino superior e órgãos públicos de segurança. São casos de violência no entorno de áreas desprotegidas que deixam jovens à mercê de assaltantes e colocam milhares de vidas em risco.
Por trás dos ataques, um denominador comum: eles acontecem, sobretudo, em áreas mal iluminadas e quase sempre quando a vítima está sozinha e distraída. Zonas de sombra não faltam nos campi da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da UniRitter.
Estrada mal iluminada no Campus do Vale | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
No Campus do Vale da UFRGS, a estrada que passa sobre uma represa e que leva ao Instituto de Pesquisas Hidráulicas é um breu.
- Parece aqueles lugares mal-assombrados - descreve a estudante de Química Victória Isoppo, 20 anos, que teve três conhecidas assaltadas naquele local. O ladrão, segundo ela, ameaçou as estudantes com um facão “daqueles de cortar cana”. - Na região os guardas ficam numa guarita só até 17h. Depois disso, a gente não vê mais eles - completa.
Zero Hora constatou que a região é escassamente guarnecida. Mas não somente nessa parte do Campus do Vale. No outro lado, mais a oeste, uma parada de ônibus fica isolada em meio a uma estrada, distante de qualquer prédio. Convite a um assalto, define um estudante, que desistiu de pegar condução ali.
“Me senti invadida, ultrajada. Nunca mais consegui passar por ali”
Outro fenômeno que acontece no campus do Vale é o dos ladrões que ingressam nos ônibus para assaltar os alunos que saem da universidade. Eduardo Scapini, estudante de Filosofia da UFRGS, foi assaltado logo após ingressar no T-8 da Carris, ao final de uma aula noturna.
Convite à criminalidade no Campus do Vale | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
- Eram dois sujeitos, cuidaram quem ia descer. Desci na Avenida Bento Gonçalves, logo após sair do campus. Os dois me seguiram e me “calçaram” com uma faca. Levaram o celular e algum dinheiro. Sei de vários colegas que sofreram o mesmo - relata Scapini.
A situação dos campi Saúde-Comunicações, próximo à Rua Ramiro Barcelos, e Centro, entre a Avenida João Pessoa e a Rua Sarmento Leite, não é diferente, e os relatos de assaltos incluem violência física.
Bequinho próximo a Campus Centro da UFRGS é mal-iluminado
No Centro, em meia hora, Zero Hora conversou com 10 pessoas que foram assaltadas na entrada ou na saída da UFRGS - em alguns casos, durante o dia. Caroline Matei, estudante de Pedagogia, foi vítima perto do meio-dia, embaixo do viaduto. A garota tinha saído da aula e caminhava na calçada próxima à Faculdade de Arquitetura, rumo ao viaduto, quando foi seguida por dois sujeitos.
- Um deles saltou na minha frente, outro ficou atrás. Disseram estar armados, preferi não conferir. Mexeram na minha bolsa, levaram celular, carteira com documentos e R$ 50. Me senti invadida, ultrajada. Nunca mais consegui passar por ali, ando pelo meio da rua, correndo risco de atropelamento - comenta Caroline.
Pai de dois estudantes, o professor de Letras aposentado pela UFRGS Gilberto Wallace fala que o filho e a filha foram assaltados no mesmo ponto descrito por Caroline. O rapaz, de 20 anos, e a garota, de 15, tiveram celular e dinheiro levado por ladrões que se diziam armados.
- É sempre no bequinho entre a Sarmento Leite e a João Pessoa, junto ao viaduto. À noite, tudo ali é absolutamente mal-iluminado - reclama Wallace.
Outro ponto de relatos de terror noturno é a região entre a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) e o campus da Saúde (Odontologia e Medicina), próximo à Rua Ramiro Barcelos. Grupos de alunos chegam a sair juntos, um esperando pelo outro, para não correrem risco de esperar sozinhos em paradas de ônibus, locais visados por assaltantes.
Iluminação precária ao redor do Campus Central da UFRGS | Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
Um dos vitimados pelos criminosos é Lucas Katsurayama, estudante de Jornalismo da UFRGS. Certa noite, na saída da Fabico e de ingresso na Ramiro, foi encurralado por um sujeito com uma faca.
- Ele me levou celular e R$ 100. Foi o terceiro assalto que sofri, mas o único nessa região - relata.
Júlia Gonçalves, estudante de Relações Públicas, foi roubada e agredida na rua paralela à Ramiro, a Jacinto Gomes. Eram 21h30min, e um sujeito com “jeito de drogado” a seguiu. Ele simplesmente começou a dar socos na garota e levou dela a bolsa, com documentos, celular e dinheiro.
“Tremo de medo só de lembrar. Tremo de medo ao pensar nos estudantes”
- Fiquei traumatizada, era um local onde eu passava tranquila à noite, apesar da falta de iluminação. Já fizemos passeata por segurança, informamos as autoridades, mas os assaltos na Jacinto continuam.
A professora de Arquivologia Ana Regina Berwanger já foi seguida por um assaltante, mas conseguiu se livrar dele, correndo para um táxi. Foi em frente à Fabico. Depois disso, decidiu liberar os alunos uma hora mais cedo, à noite.
- Tremo de medo só de lembrar. Tremo de medo ao pensar nos estudantes - resume Ana.
Universitários se sentem inseguros em estacionamento da PUCRS
Os casos descritos por alunos da maior universidade pública do Estado se somam a fatos que também ocorrem no entorno de instituições privadas de ensino superior.
Para alunos da PUCRS, a escuridão em acessos laterais, nas ruas Cristiano Fischer e Nelson Duarte Brochado, agrava o perigo, principalmente nos horários de saída, à noite.
O medo acompanha boa parte dos universitários, principalmente os que saem pelo portão localizado na Avenida Bento Gonçalves. A região tem pelo menos dois bares que são muito frequentados por estudantes de todos os cursos. Algumas pessoas estacionam ao redor dos estabelecimentos para não pagar pelo estacionamento da PUCRS, expondo-se ainda mais ao risco de ruas sem a segurança adequada.
Estudantes da PUCRS também convivem com o medo | Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS
- Infelizmente, uma vez fui assaltado na rua de trás. Acontece muito frequentemente porque não tem muita segurança - diz o estudante de Direito Eduardo Cavalheiro, 19 anos.
Carla Cristina Oliveira, 26 anos, também estudante de Direito, relata que chegou a presenciar até mesmo tiroteios e perseguições policiais na mesma saída, na Bento Gonçalves:
- No entorno, não cheguei a sofrer assalto, mas uma vez estava na parada de ônibus, na porta da PUC, e ocorreram tiroteios, perseguição com a polícia. Aí a gente teve de voltar correndo para dentro da universidade porque pelo menos tem segurança.
O acesso principal, na Avenida Ipiranga, também tem problemas de segurança, segundo relatos de alunos entrevistados pela reportagem. Luiza Pontalti, 21 anos, estudante de Química, conta que já foi roubada a poucos metros da universidade.
- Fui assaltada na Ipiranga, antes de entrar no portão principal. Eles chegaram e pediram que horas eram. Foi mais ou menos na frente da Tumelero. Depois, mais para frente, onde só tem o estacionamento e a Ipiranga, eles começaram: “Ah, passa o iPod, passa o iPod”. Só que eu nem tinha um iPod. Aí tive que entregar meu celular - lembra.
Zero Hora também verificou insatisfação geral dos estudantes em relação à falta de vigilância nos estacionamentos. A segurança da área é de responsabilidade da universidade, apesar de o serviço ser prestado e gerenciado pela Safe Park.
- Aqui, no estacionamento da PUC, estão acontecendo vários casos de os carros serem assaltados, de roubarem estepe, pertences dos alunos dentro dos carros - afirma Lucas Oliveira, 18 anos, estudante de Engenharia de Produção.
- Toda semana tem amigos que entram, chegam ao estacionamento, vão pegar a mochila, e um cara aborda e diz: “Deixa tudo aí dentro e me dá tua carteirinha para eu poder sair”. E leva carro, com mochila, com todos os pertences dentro. O pessoal chega nos carros, não tem as rodas, abriram as portas. Acontece direto - acrescenta Carla Cristina.
Assassinato nos arredores da Unisinos
Bares ao redor da faculdade e a procura por vagas para estacionar fora da instituição fazem parte da rotina de grande parte dos universitários, inclusive na Unisinos, em São Leopoldo. E foi justamente a junção desses dois fatores, agravados pela insegurança no entorno do campus, que levaram à morte de Frederico Colnaghi de Almeida, 22 anos, vítima de latrocínio na noite do dia 5 de novembro.
Viatura em frente à Unisinos | Foto: André Ávila/Agência RBS
Estudante de geologia, ele foi baleado com três tiros no tórax quando se preparava para entrar no carro depois de sair de um bar, na Rua Padre Luiz Gonzaga, bem em frente ao campus central. Um dia depois do crime, três jovens foram presos, e a polícia conseguiu recuperar o veículo roubado.
Uma semana após a morte de Frederico, centenas de alunos da Unisinos fizeram uma passeata por mais segurança. Familiares e amigos do estudante vestiram camisetas pretas, encheram balões brancos e ergueram cartazes durante a manifestação pedindo “mais amor, menos violência”.
Andrio Andara, 22 anos, estudante de Engenharia Civil, era um dos melhores amigos de Frederico. Segundo ele, os bares que ficam em frente à Unisinos servem como pontos de encontro para os alunos, e ninguém pretende mudar essa rotina diária, apesar de todos estarem preocupados com a violência do lado de fora.
“A segurança por aqui é horrível. Temos uma quadra inteira da universidade desprotegida”
- A segurança por aqui é horrível. Todos os alunos da universidade vêm para cá, saem da aula, encontram amigos, combinam carona para voltar junto para casa. Então, não deixa de ser um ponto de encontro. Temos uma quadra inteira da universidade totalmente desprotegida - ressalta Andrio.
A estudante de Direito Luciana Justin, 25 anos, lembra um sequestro-relâmpago sofrido por um casal de amigos na parada de ônibus da universidade:
- Todo o entorno da Unisinos é muito inseguro. Tive um amigo que foi sequestrado com a namorada dentro do carro, com arma na cabeça. Passearam pela cidade, deixaram eles num bairro mais distante e levaram tudo. Os dois saíram ilesos fisicamente, mas não psicologicamente.
Em protesto, estudantes da Unisinos pediram segurança | Foto: André Ávila/Agência RBS
Convívio com o tráfico de drogas na UniRitter
Se a criminalidade age pela conveniência e vulnerabilidade de determinados locais e pessoas, a região da UniRitter, no Bairro Alto Teresópolis, tem uma localização “privilegiada”. Próxima à Vila Cruzeiro, área conflagrada pelo tráfico de drogas, a Avenida Orfanatrófio, principal via de acesso dos estudantes, vira um ambiente perigoso e hostil à noite, especialmente para quem depende do transporte público.
“Ninguém tem segurança. Todo mundo anda com medo aqui. A gente vem estudar com medo”
Casos de arrastões em ônibus motivaram um protesto de alunos amedrontados com a violência na porta da universidade. A iluminação fraca, assim como nas outras instituições visitadas por Zero Hora, é uma aliada do crime.
- O que está acontecendo são os arrastões nas paradas, com moto ou carro, descendo pessoas armadas e assaltando na parada e dentro do ônibus - relata Renata Silva, 24 anos, estudante de Engenharia Civil.
- É uma coisa que está ficando muito frequente. Ninguém tem segurança. Todo mundo anda com medo aqui. A gente vem estudar com medo - reforça Analisa Costa, 19 anos, que cursa Relações Públicas na UniRitter.
Alunos da UniRitter expostos ao perigo na parada de ônibus | Foto: André Ávila/Agência RBS
Os arrastões, ocorridos em outubro, foram presenciados por diversas pessoas, entre elas Juliana Preto, 21 anos, estudante de jornalismo.
- Um carro parou, quatro caras saíram armados e fizeram uma arrastão com todo mundo que estava na parada. Aí o pessoal que não havia chegado na parada viu o que estava acontecendo e começou a correr para evitar o pior - conta.
O receio dos estudantes da UniRitter não é só na área externa. Dizem que se sentem inseguros até dentro do campus.
- Além do fato de ter o perigo na parada e no trajeto do ônibus até o Centro, principalmente saindo aqui da Ritter, ainda tem o perigo de ser assaltada até dentro da faculdade porque eles (a UniRitter) não têm um controle de quem entra e de quem sai da faculdade - diz a estudante de Engenharia de Produção Bianca de Castro, 20 anos.
ZH flagra prisão de “motoboy do mal”
Durante a produção da reportagem, Zero Hora flagrou a prisão de um motoboy que estava prestes a repassar drogas a um estudante da PUCRS. Bernardino de Souza Filho, 28 anos, havia marcado encontro com um aluno perto da entrada destinada aos professores, na Avenida Ipiranga, mas foi impedido por um segurança à paisana, que circulava pela região.
Motoboy preso ao tentar entregar drogas na PUCRS | Foto: Adriana Franciosi/Agência RBS
- Esse rapaz é um motoboy do mal. É um traficante de cocaína e de maconha. Ele veio entregar para um aluno na entrada do portão e prendi ele traficando. Acho que ele está no lugar errado, fazendo a coisa errada - disse Sérgio de Souza, enquanto mostrava o estojo recheado com buchas de cocaína e tijolos de maconha.
Minutos depois, uma viatura da Brigada Militar se aproximou e efetuou a prisão em flagrante do rapaz, que foi levado ao Presídio Central. O estudante que receberia as drogas também foi identificado, mas não chegou a ser preso.
Sérgio, um dos vigilantes que quase passam desapercebidos, informou que trabalha para uma empresa contratada para fazer a vigilância da parte externa da instituição, acionada depois de uma série de casos de furtos que estavam ocorrendo com alunos.
CONTRAPONTOS
O que diz a UFRGS:
A resposta foi dada por Daniel Augusto Pereira, coordenador de Segurança da UFRGS: “A universidade não mede esforços para oferecer melhores condições de segurança em todos os seus campi. Para isso, conta com vigilantes em todas as unidades.
Ocorre que, por força da legislação, a segurança se dá intramuros, haja vista que a competência da prevenção na via pública é da polícia militar. Nesse sentido, sempre que a Coordenadoria de Segurança recebe a informação, através de registro de ocorrências, de assaltos fora dos muros da Universidade, os remete à polícia militar da respectiva área.
Quanto a relato de assaltos em paradas próximas a uma represa que leva em direção ao IPH, de fato, no mês de setembro temos um registro de duas ou três alunas que teriam sofrido um roubo neste local. No mesmo dia, os agentes de segurança da UFRGS efetuaram a prisão de dois indivíduos. Desde então, não tivemos novos registros deste tipo de ocorrência.”
O que diz a UniRitter:
A assessoria de imprensa da UniRitter informou que aumentou a iluminação próxima às paradas e que, para minimizar a sensação de insegurança, negociou com a empresa de ônibus STS para que os alunos possam esperar a chegada do transporte dentro do campus. A universidade comunicou, ainda, que está reivindicando reforço no policiamento e criou uma conta de e-mail (ocorrencia@uniritter.edu.br) para receber demandas sobre segurança dos alunos.
Em relação a possíveis falhas de controle de acesso, a UniRitter disse que está estudando a implantação de um novo sistema, mas reforçou que já há um monitoramento com seguranças, dentro e fora da universidade.
O que diz a PUCRS:
A PUCRS disse que utiliza vigilantes próprios, além de monitoramento com câmeras de segurança que cobrem todo o campus. Na área da Avenida Bento Gonçalves, bastante frequentada por alunos, a PUCRS ressaltou que não tem competência legal para atuar e que “cabe ao próprio estabelecimento cuidar da segurança”. Sobre a iluminação precária em determinados pontos, a instituição informou que o serviço é de responsabilidade da prefeitura. Em relação aos casos citados nos estacionamentos, a PUCRS entende que o número de ocorrências “é baixo em relação a quantidade de veículos”.
O que diz a Unisinos:
A assessoria de imprensa da Unisinos informou que vem dialogando com o poder público sobre as questões relacionadas à segurança no entorno do campus, inclusive sobre o tema de iluminação das ruas próximas. A instituição também comunicou que tem efetuado rondas preventivas com motos e viaturas próprias e encaminhado eventuais casos às autoridades.
O que diz a prefeitura de Porto Alegre:
Sobre a iluminação precária no entorno das universidades, a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), responsável por eventuais problemas de eletricidade em postes de luz, encaminhou equipes para vistorias. Foram consertados, segundo a Smov, dois pontos apagados na Rua Orfanatrófio, um na Rua Cristiano Fischer e outro na Rua Nelson Duarte Brochado, três postes na Rua Sarmento Leite, dois na Avenida Engenheiro Luiz Englert e outros dois na Avenida Paulo Gama.
O que diz a prefeitura de São Leopoldo:
Procurada pela reportagem por e-mail, a assessoria de imprensa da prefeitura de São Leopoldo não retornou o contato até a publicação desta reportagem.
O que diz a Brigada Militar:
O tenente-coronel Mário Ikeda, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar, diz que o patrulhamento em cada um dos três campi da UFRGS é feito de forma diferente. No caso do campus Centro, PMs fazem ronda a pé, pela Avenida João Pessoa, nas proximidades da Faculdade de Direito.
No caso do campus Saúde-Comunicação (nas imediações da Rua Ramiro Barcelos), o controle é feito por uma viatura, que fica estacionada próxima ao Hospital de Clínicas e dali parte para rondas eventuais.
No caso do campus do Vale, não há patrulhamento interno, que é missão da guarda interna da UFRGS. O patrulhamento é feito por viaturas, de forma eventual, na Avenida Bento Gonçalves.
No entorno da UniRitter, Ikeda diz que há um patrulhamento ainda mais intenso em função do tráfico de drogas na região do Alto Teresópolis. Conforme o tenente-coronel, a prisão de usuários e traficantes é frequente. Ele informou ainda que as demandas dos estudantes, relacionadas a eventuais arrastões na Rua Orfanatrófio e paradas de ônibus, estão sendo analisadas pela corporação.
Já na PUCRS, segundo Ikeda, o policiamento é feito por uma viatura que permanece como ponto de referência na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Cristiano Fischer, tanto no turno da manhã quanto à noite. Na Avenida Bento Gonçalves, onde há uma sensação maior de insegurança por parte dos estudantes, o tenente-coronel informou que há “bastante patrulhamento”, mas que não há um ponto fixo para os policiais, que, durante o dia, também circulam a pé pela região.
O tenente-coronel Nélio Tedesco, comandante do Batalhão de Polícia Militar de São Leopoldo, afirma que o policiamento foi reforçado na Unisinos, especialmente depois da morte do estudante Frederico Colnaghi de Almeida. De acordo com Tedesco, houve uma liberação de recursos para pagamento de horas extras no município, o que possibilitou a ampliação do patrulhamento na entrada e na saída dos estudantes.
O que diz a Polícia Civil:
O delegado Adilson Carrazoni, titular da 11ª DP, que atende a área da PUCRS, disse que a criminalidade atua de forma “cíclica” no entorno da instituição e afirmou que a delegacia não tem recebido muitas ocorrências nos últimos meses.
Abílio Pereira, delegado titular da 10ª DP, confirmou os relatos dos estudantes da UFRGS. Segundo ele, há uma “incidência muito grande” de furtos e roubos a pedestres na região que compreende os campi Centro e Saúde-Comunicação. Pereira ainda lamentou que a maioria dos criminosos é presa e solta poucas horas depois, voltando a praticar os mesmos delitos, nos mesmos lugares.
A delegacia responsável pelo Campus do Vale da UFRGS é a 15ª DP. O titular, delegado Ajaribe Rocha Pinto, confirma que acontecem muitos casos de furto e roubo a pedestres na região, mas entende que são situações de “ocasião” e “esporádicos”.
A 20ª DP, que tem a região da UniRitter como uma das áreas de atuação, diz que a insegurança não é específica do entorno da universidade, mas de todo o bairro. De acordo com o delegado Carlos Wendt, as equipes trabalham para investigar casos que são formalizados em ocorrências, mas não podem atuar como policiamento ostensivo, que é de atribuição e competência da Brigada Militar.
O delegado Heliomar Franco, da 1ª DP de São Leopoldo, atuou no caso da morte do estudante Frederico Colnaghi de Almeida e prendeu os suspeitos do crime. Ele disse que a polícia reforçou a atenção à região da Unisinos, inclusive com câmeras de segurança. No entanto, admite que o criminoso vai continuar buscando “safra onde há grão”, numa analogia ao movimento intenso de pessoas no entorno de universidades.