JORNAL O NACIONAL, 30/05/2014 - 12:07
Estudante confirma que agressões tiveram motivação passional. Agressão que resultou na morte de Claudecir Lenz será investigada pela Delegacia de Homicídios
A estudante agredida pelo colega Fabiano Cardozo Machado, 24 anos, prestou depoimento aos agentes da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DEHD) e, como já havia dito no registro da ocorrência, que a agressão teria sido levada adiante por motivos passionais envolvendo o acusado e uma pessoa com um relacionamento próximo com a estudante, que na noite do episódio prestou depoimento na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. A briga ocorrida na segunda-feira à noite em frente ao prédio do IFCH, da UPF, resultou na morte de Claudecir Altair Lenz, 44 anos, que nada tinha a ver com o caso. Claudecir tentou socorrer a estudante agredida e levou uma facada. Foi internado no hospital e faleceu na tarde de quinta-feira.
Segundo o inspetor Volmar Menegon, chefe de investigações da DEHD, a Polícia Civil tem até o próximo dia 10 para a conclusão do inquérito policial. /um advogado de Frederico Westphalen entrou com um pedido de relaxamento da prisão do acusado, que ainda não foi avaliado pelo Judiciário. O advogado também informou que não deverá mais atuar na defesa do estudante e que um novo profissional deverá ser contratado pela família do jovem. Ele permanece recolhido ao Presídio Regional de Passo Fundo.
Segurança do campus
De acordo com Paulo Nobre, encarregado de segurança da Universidade de Passo Fundo, o procedimento adotado pelos vigilantes que contiveram o aluno foi considerado correto, de forma a não expor as pessoas ao redor a perigos maiores. “Inicialmente, os vigilantes tentaram negociar com ele, que tentava entrar no prédio de qualquer maneira. Nós continuamos fazendo o acompanhamento e em nenhum momento ele ofereceu rendição. Quando ele chegou à porta dos fundos do IFCH ele tentou quebrar a porta atirando um vaso contra a porta de vidro. Neste momento ele já estava cercado pelos vigilantes, que conseguiram dominá-lo em um momento de distração. Nossa principal preocupação era garantir a segurança de todos, dos alunos, dos próprios vigilantes e também do agressor”, explicou.
Também conforme Nobre, o uso da força foi o recurso utilizado pelos vigilantes em função da situação. “Foi muito difícil contê-lo, não sabemos o motivo. A intenção dele era entrar no prédio. Nós estávamos preparados para o caso de ele conseguir entrar no prédio. Caso ele conseguisse entrar no prédio teríamos de mudar a forma de agir, até mesmo para evitar uma tragédia maior”, disse.
Estudante era acompanhado pela Universidade
Segundo a professora Patrícia Valério, coordenadora do Curso de Letras, o autor do crime era bastante participativo nas atividades oferecidas pelo curso. “Ele foi encaminhado ao Serviço de Atendimento ao Educando, e era acompanhado sistematicamente. Eu conversava com ele semanalmente e nunca havia visto nenhum episódio de violência dele. A gente fica triste, de acordo com o que ele nos relatou ele teve uma vida difícil até aqui e em função disso ele foi encaminhado para o atendimento”, disse.
Funcionários e estudantes recebem apoio da Universidade
Tentando retomar normalmente as atividades após o episódio, a direção do IFCH realizou intervenções junto aos funcionários e estudantes da unidade na tentativa de minimizar os danos causados pela agressão. Segundo a diretora do IFCH, Rosani Sgari, os alunos do curso de Letras receberam atenção especial após o fato envolvendo os dois colegas. “Imaginem o que vivenciaram estes alunos, que eram colegas deles. Os alunos disseram que ele era um bom colega, que era dedicado. Muitos ainda estavam incrédulos. Este fato é um recorte da nossa sociedade, mas não temos como prever situações desta natureza, que são trágicas. Também lamentamos a série de informações erradas, distorcidas e desrespeitosas que foram divulgadas. Lamentamos ter de despender energia para esclarecer situações que foram divulgadas erroneamente”, afirmou.
Caso Claudecir: veja a sequência dos fatos do dia 26. Relatos de pessoas que viram o crime ajudam a reconstituir a cronologia
Créditos: Divulgação
Momento em que Claudecir recebe os primeiros atendimentos já dentro da Feac. A foto foi feita por um estudante
Os funcionários que vivenciaram os momentos de tensão, agindo com agilidade, cautela e profissionalismo, relataram a reportagem do ON o que realmente ocorreu na noite de segunda-feira, na Universidade de Passo Fundo, quando Claudecir Altair Lenz tentou intervir na briga entre dois alunos e acabou ferido, no peito, com uma facada.
Chegada dos alunos
Os alunos do curso de Letras estavam reunidos no auditório da Biblioteca da Universidade participando da atividade “Livro do Mês”, que ocorre mensalmente, segundo a coordenadora do curso, Patrícia Valério. Os envolvidos na briga, entretanto, não participavam da atividade.
Início da briga
A estudante do curso de Letras, 26 anos, alvo do agressor, estava em frente ao prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), onde tudo iniciou. Fabiano Cardozo Machado, 24 anos, também estudante do curso, chegou ao local transtornado, e passou a agredir a colega. A auxiliar de secretaria, Bruna Michele do Amarante, escutou os gritos e correu para ver o que estava acontecendo.
Funcionária interfere
Ao perceber a briga, Bruna gritou para que um colega acionasse os vigilantes. Enquanto Gunnar Gustavo Trindade ligou para os vigilantes, Bruna tentou acalmar os ânimos. “Eu sai e fui separar eles, por que havia só uma pessoa tentando ajudar a menina. Por um instante, eles pararam de brigar e, aparentemente, Fabiano parecia calmo. Mas quando a vítima se abaixou para apanhar o óculos de grau que havia caído do rosto, Fabiano partiu novamente para cima e começou a bater a cabeça dela no o chão”, contou Bruna.
Alunos assistem, mas não interferem
Como ele voltou a agredir a colega, a funcionária gritou por socorro. “Muitos estudantes que estavam por perto assistiram, mas ninguém se envolveu. O senhor (Claudecir) estava passando pelo local, porque tratava de formaturas no curso de história e viu eu pedindo socorro. Ele veio para fora e imobilizou Fabiano pelo pescoço”, conta Bruna. A funcionária menciona que o estudante estava transtornado e conseguiu se soltar. Percebendo que ele continuaria com as agressões, correu para a secretaria e pegou a chave da porta, com a intenção de colocar a aluna para dentro do prédio e evitar a entrada do agressor.
Claudecir é ferido
Em questão de segundos, Bruna pegou as chaves e se dirigiu até a porta para trancá-la. A estudante já havia entrado no prédio, quando Claudecir passou pela funcionária com as mãos no peito. Ele olhou para a auxiliar de secretaria e disse que estava ferido e que havia levado uma facada. “Ele seguiu em direção a Feac e eu só tive tempo de trancar a porta. Quando olhei para frente, vi Fabiano com a faca na mão, toda ensanguentada, tentando entrar a todo custo. Ele passava a faca no vão das portas, enquanto os alunos seguravam para eu chavear”, diz.
Acusado procura entradas secundárias
Percebendo que não abririam a porta para ele entrar, Fabiano circundou o prédio, procurando por outras entradas. Os funcionários foram rápidos e conseguiram mobilizar as pessoas para entrar no prédio e trancar as portas antes que ele entrasse. “Se ele conseguisse entrar, ou se tivesse ocorrido dentro do prédio, nós não íamos conseguir fazer nada. Ele poderia ter ferido muitos outros, a tragédia poderia ter sido muito maior se não tivéssemos trancado as portas”, diz Gunnar.
Vigilantes imobilizam Fabiano
Na porta dos fundos, que dá acesso para o prédio da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (FEAC), os vigilantes detiveram Fabiano. Embora eles já tivessem tentado negociar, o estudante estava irredutível em sua decisão. Transtornado, jogou pedras, quebrou vasos contra a porta de vidro e chutou, tentando arrombar. Foram necessários quatro vigilantes para imobilizar o acusado. O encarregado de segurança, Paulo Nobre, conta que em um momento de distração, eles conseguiram tirar a faca da mão de Fabiano e, enfim, segurá-lo até a chegada da Brigada Militar.
Prisão
Fabiano foi preso em flagrante e conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Claudecir foi socorrido por uma ambulância da Prado, que atende dentro do Campus e encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo. A estudante agredida também recebeu atendimento médico, mas foi liberada no dia seguinte. Claudecir, morreu na tarde de ontem, em função da gravidade do ferimento.
Estudante confirma que agressões tiveram motivação passional. Agressão que resultou na morte de Claudecir Lenz será investigada pela Delegacia de Homicídios
A estudante agredida pelo colega Fabiano Cardozo Machado, 24 anos, prestou depoimento aos agentes da Delegacia Especializada em Homicídios e Desaparecidos (DEHD) e, como já havia dito no registro da ocorrência, que a agressão teria sido levada adiante por motivos passionais envolvendo o acusado e uma pessoa com um relacionamento próximo com a estudante, que na noite do episódio prestou depoimento na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. A briga ocorrida na segunda-feira à noite em frente ao prédio do IFCH, da UPF, resultou na morte de Claudecir Altair Lenz, 44 anos, que nada tinha a ver com o caso. Claudecir tentou socorrer a estudante agredida e levou uma facada. Foi internado no hospital e faleceu na tarde de quinta-feira.
Segundo o inspetor Volmar Menegon, chefe de investigações da DEHD, a Polícia Civil tem até o próximo dia 10 para a conclusão do inquérito policial. /um advogado de Frederico Westphalen entrou com um pedido de relaxamento da prisão do acusado, que ainda não foi avaliado pelo Judiciário. O advogado também informou que não deverá mais atuar na defesa do estudante e que um novo profissional deverá ser contratado pela família do jovem. Ele permanece recolhido ao Presídio Regional de Passo Fundo.
Segurança do campus
De acordo com Paulo Nobre, encarregado de segurança da Universidade de Passo Fundo, o procedimento adotado pelos vigilantes que contiveram o aluno foi considerado correto, de forma a não expor as pessoas ao redor a perigos maiores. “Inicialmente, os vigilantes tentaram negociar com ele, que tentava entrar no prédio de qualquer maneira. Nós continuamos fazendo o acompanhamento e em nenhum momento ele ofereceu rendição. Quando ele chegou à porta dos fundos do IFCH ele tentou quebrar a porta atirando um vaso contra a porta de vidro. Neste momento ele já estava cercado pelos vigilantes, que conseguiram dominá-lo em um momento de distração. Nossa principal preocupação era garantir a segurança de todos, dos alunos, dos próprios vigilantes e também do agressor”, explicou.
Também conforme Nobre, o uso da força foi o recurso utilizado pelos vigilantes em função da situação. “Foi muito difícil contê-lo, não sabemos o motivo. A intenção dele era entrar no prédio. Nós estávamos preparados para o caso de ele conseguir entrar no prédio. Caso ele conseguisse entrar no prédio teríamos de mudar a forma de agir, até mesmo para evitar uma tragédia maior”, disse.
Estudante era acompanhado pela Universidade
Segundo a professora Patrícia Valério, coordenadora do Curso de Letras, o autor do crime era bastante participativo nas atividades oferecidas pelo curso. “Ele foi encaminhado ao Serviço de Atendimento ao Educando, e era acompanhado sistematicamente. Eu conversava com ele semanalmente e nunca havia visto nenhum episódio de violência dele. A gente fica triste, de acordo com o que ele nos relatou ele teve uma vida difícil até aqui e em função disso ele foi encaminhado para o atendimento”, disse.
Funcionários e estudantes recebem apoio da Universidade
Tentando retomar normalmente as atividades após o episódio, a direção do IFCH realizou intervenções junto aos funcionários e estudantes da unidade na tentativa de minimizar os danos causados pela agressão. Segundo a diretora do IFCH, Rosani Sgari, os alunos do curso de Letras receberam atenção especial após o fato envolvendo os dois colegas. “Imaginem o que vivenciaram estes alunos, que eram colegas deles. Os alunos disseram que ele era um bom colega, que era dedicado. Muitos ainda estavam incrédulos. Este fato é um recorte da nossa sociedade, mas não temos como prever situações desta natureza, que são trágicas. Também lamentamos a série de informações erradas, distorcidas e desrespeitosas que foram divulgadas. Lamentamos ter de despender energia para esclarecer situações que foram divulgadas erroneamente”, afirmou.
Caso Claudecir: veja a sequência dos fatos do dia 26. Relatos de pessoas que viram o crime ajudam a reconstituir a cronologia
Créditos: Divulgação
Momento em que Claudecir recebe os primeiros atendimentos já dentro da Feac. A foto foi feita por um estudante
Os funcionários que vivenciaram os momentos de tensão, agindo com agilidade, cautela e profissionalismo, relataram a reportagem do ON o que realmente ocorreu na noite de segunda-feira, na Universidade de Passo Fundo, quando Claudecir Altair Lenz tentou intervir na briga entre dois alunos e acabou ferido, no peito, com uma facada.
Chegada dos alunos
Os alunos do curso de Letras estavam reunidos no auditório da Biblioteca da Universidade participando da atividade “Livro do Mês”, que ocorre mensalmente, segundo a coordenadora do curso, Patrícia Valério. Os envolvidos na briga, entretanto, não participavam da atividade.
Início da briga
A estudante do curso de Letras, 26 anos, alvo do agressor, estava em frente ao prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), onde tudo iniciou. Fabiano Cardozo Machado, 24 anos, também estudante do curso, chegou ao local transtornado, e passou a agredir a colega. A auxiliar de secretaria, Bruna Michele do Amarante, escutou os gritos e correu para ver o que estava acontecendo.
Funcionária interfere
Ao perceber a briga, Bruna gritou para que um colega acionasse os vigilantes. Enquanto Gunnar Gustavo Trindade ligou para os vigilantes, Bruna tentou acalmar os ânimos. “Eu sai e fui separar eles, por que havia só uma pessoa tentando ajudar a menina. Por um instante, eles pararam de brigar e, aparentemente, Fabiano parecia calmo. Mas quando a vítima se abaixou para apanhar o óculos de grau que havia caído do rosto, Fabiano partiu novamente para cima e começou a bater a cabeça dela no o chão”, contou Bruna.
Alunos assistem, mas não interferem
Como ele voltou a agredir a colega, a funcionária gritou por socorro. “Muitos estudantes que estavam por perto assistiram, mas ninguém se envolveu. O senhor (Claudecir) estava passando pelo local, porque tratava de formaturas no curso de história e viu eu pedindo socorro. Ele veio para fora e imobilizou Fabiano pelo pescoço”, conta Bruna. A funcionária menciona que o estudante estava transtornado e conseguiu se soltar. Percebendo que ele continuaria com as agressões, correu para a secretaria e pegou a chave da porta, com a intenção de colocar a aluna para dentro do prédio e evitar a entrada do agressor.
Claudecir é ferido
Em questão de segundos, Bruna pegou as chaves e se dirigiu até a porta para trancá-la. A estudante já havia entrado no prédio, quando Claudecir passou pela funcionária com as mãos no peito. Ele olhou para a auxiliar de secretaria e disse que estava ferido e que havia levado uma facada. “Ele seguiu em direção a Feac e eu só tive tempo de trancar a porta. Quando olhei para frente, vi Fabiano com a faca na mão, toda ensanguentada, tentando entrar a todo custo. Ele passava a faca no vão das portas, enquanto os alunos seguravam para eu chavear”, diz.
Acusado procura entradas secundárias
Percebendo que não abririam a porta para ele entrar, Fabiano circundou o prédio, procurando por outras entradas. Os funcionários foram rápidos e conseguiram mobilizar as pessoas para entrar no prédio e trancar as portas antes que ele entrasse. “Se ele conseguisse entrar, ou se tivesse ocorrido dentro do prédio, nós não íamos conseguir fazer nada. Ele poderia ter ferido muitos outros, a tragédia poderia ter sido muito maior se não tivéssemos trancado as portas”, diz Gunnar.
Vigilantes imobilizam Fabiano
Na porta dos fundos, que dá acesso para o prédio da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (FEAC), os vigilantes detiveram Fabiano. Embora eles já tivessem tentado negociar, o estudante estava irredutível em sua decisão. Transtornado, jogou pedras, quebrou vasos contra a porta de vidro e chutou, tentando arrombar. Foram necessários quatro vigilantes para imobilizar o acusado. O encarregado de segurança, Paulo Nobre, conta que em um momento de distração, eles conseguiram tirar a faca da mão de Fabiano e, enfim, segurá-lo até a chegada da Brigada Militar.
Prisão
Fabiano foi preso em flagrante e conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento. Claudecir foi socorrido por uma ambulância da Prado, que atende dentro do Campus e encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo. A estudante agredida também recebeu atendimento médico, mas foi liberada no dia seguinte. Claudecir, morreu na tarde de ontem, em função da gravidade do ferimento.